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Inflação na Argentina atinge 6,5% em setembro e acumula 32,4% no ano

Buenos Aires

17/10/2018 20h40

A Argentina registrou em setembro uma inflação de 6,5%, recorde mensal neste ano e um dos percentuais mais altos desde a crise de 2001-2002, o que vem asfixiando os consumidores do país.

O Instituto Nacional de Estatística e Censos revelou que a inflação deu em setembro um salto de 40,5% no período de 12 meses e acumulou nos primeiros nove meses de 2018 uma alta de 32,4%.

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A alta de 6,5% em setembro é a maior neste ano - a marca anterior era de agosto, de 3,9% - e iguala o registro de abril de 2016, que era de forma isolada o índice mais elevado desde a chegada de Mauricio  Macri à Presidência, há quase três anos.

O dado oficial da inflação de setembro foi impactado pela forte desvalorização sofrida pelo peso argentino neste ano, em particular em maio e em agosto, meses de forte turbulência no mercado cambial.

Neste ano, o preço do dólar acumulou uma alta de 96,3% no mercado oficial local, o que afetou muito os preços de bens e serviços.

Com esta aceleração dos preços, a preocupante inflação se aproxima dos piores patamares da crise que explodiu no final de 2001 e que provocou em 2002 um aumento acumulado nos preços do 40,9%, com um pico de 10,4% em abril daquele ano.

Segundo os resultados divulgados hoje de uma pesquisa realizada em setembro pelo Centro de Ciências Econômicas da Argentina e o Instituto Projeção Cidadã, a desvalorização e o aumento de preços afetaram o consumo.

De acordo com a pesquisa, realizada em Buenos Aires e em sua populosa periferia, 34% dos entrevistados diminuíram o consumo de produtos lácteos; 54% reduziram o de carnes; 63% o de frutas e verduras; 44% o de sucos e bebidas gaseificadas; 69% o de atividades recreativas; 39% o de combustível e 23% o de medicamentos.

Segundo o relatório, em todos os níveis socioeconômicos houve uma porcentagem "relevante" de entrevistados que diminuiu as quantidades consumidas, mas os de renda mais baixa tenderam a reduzir mais o consumo de produtos de primeira necessidade, e os de renda média e alta o fizeram em lazer e combustíveis.

Enquanto o governo Macri reitera estar empenhado em diminuir a inflação, as políticas econômicas mostraram algum resultado, mas ainda longe de satisfazer a população: em 2016, a inflação foi de 40%, e no ano passado, de 24,8%. Para 2018, a meta inicial era de 10%, depois alterada para 15%, e por fim cancelada em meio a uma forte instabilidade financeira e desvalorização da moeda nacional.

Os analistas do mercado consultados mensalmente pelo Banco Central argentino para elaborar seu relatório de expectativas elevaram neste mês as previsões de inflação para este ano para 44,8%, 4,5 pontos percentuais a mais que o previsto em setembro.

Os especialistas de referência do Banco Central calculam que, para os próximos 12 meses, a alta dos preços será de 31,9%, e para o conjunto de 2019 será de 27%.