Peso despenca, e vale a pena ir à Argentina degustar carne, alfajor e vinho
A disparada recente do dólar atrapalha os planos de muita gente que pensava em viajar para fora do país. A boa notícia é que nem todas as moedas ficaram mais caras, e a Argentina virou uma ótima opção para os brasileiros que querem comer as famosas carnes, tomar um vinho ou experimentar um alfajor.
Com desvalorizações ainda mais fortes frente à moeda norte-americana, o peso argentino vem perdendo valor frente ao real desde o início do ano, despencou ainda mais na última semana e ajudou o país vizinho a ficar um pouco mais barato para os brasileiros que buscam um lugar diferente para passear.
No fechamento desta segunda-feira (3), eram necessários apenas R$ 0,11 para comprar 1 peso argentino, uma queda de 16% em apenas uma semana (na segunda-feira anterior, 1 peso custava R$ 0,131). Desde o início do ano, a desvalorização da moeda argentina em relação à brasileira já é de 37%: em 2 de janeiro, 1 peso custava R$ 0,175.
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Dito de outra maneira, no início do ano, R$ 1 dava direito a 5,70 pesos, há uma semana já eram 7,61 e, ontem, 9,10 pesos argentinos.
O resultado são preços que, para quem chega de fora, ficaram mais baixos de uma semana para a outra: um menu de almoço, por exemplo, que pode ser encontrado a partir de 200 pesos nos bairros centrais de Buenos Aires, caiu de R$ 26,26 para R$ 22 da segunda-feira da semana passada para o mesmo dia nesta semana.
Fazer uma viagem de metrô (12,50 pesos) custa apenas R$ 1,38 (ante R$ 1,64 há uma semana) e a bandeira do táxi (33,20 pesos), que saía R$ 4,36 no início da semana passada, caiu para R$ 3,65 nesta.
O levantamento foi feito pela agência Aguiar Buenos Aires, especializada em levar brasileiros para a capital argentina, e pelo grupo de viagens CVC.
As conversões foram feitas com o valor de fechamento de segunda-feira (3), levando em consideração a cotação comercial da moeda, divulgada pelo Banco Central, que tem diferenças em relação aos valores praticados nas casas de câmbio ao turista.
Veja o preço de alguns serviços e produtos típicos em Buenos Aires:
- Billhete de metrô: 12,50 pesos / R$ 1,38
- Bilhete de ônibus: 11,50 pesos / R$ 1,27
- Bandeira do táxi (diurna): 33,20 pesos / R$ 3,65
- Café da manhã (café + croissant): a partir de 80 pesos / R$ 8,80
- Choripán (tradicional sanduíche de pão com linguiça): 90 pesos / R$ 9,90
- Almoço (por pessoa): a partir de 200 pesos / R$ 22,00
- Jantar tradicional em uma casa de carnes, com vinho, café e sobremesa (para casal): 2.000 pesos / R$ 220
- Empanada: 30 pesos / R$ 3,30
- Água: 55 pesos / R$ 6,05
- Cerveja: 130 pesos / R$ 14,30
- Show de tango (com transfer e jantar, por pessoa): 990 pesos / R$ 106,92
Invasão de brasileiros
"Os viajantes procuram oportunidades para driblar a alta do dólar e manter os planos de viagem ao exterior, e a recente desvalorização do peso argentino é uma alternativa nesse sentido", disse o diretor de produtos internacionais da CVC para Américas e Caribe, Rodrigo Vaz.
Segundo ele, a agência já havia levado 19% brasileiros a mais para a Argentina em 2017 em comparação a 2016, e o aumento da procura com os descontos recentes na moeda devem ajudar o país vizinho a recuperar em breve um posto que perdeu dentro da agência: há três anos, foi passado pelos Estados Unidos como destino mais procurado pelos clientes.
A ajuda do câmbio para visitar cidades argentinas também já era sentida na Agaxtur, que teve neste ano sua melhor venda de pacotes para Bariloche desde 2014.
"A Argentina já costuma ser um destino barato e, agora, com enfraquecimento da moeda, ficou melhor ainda", disse o presidente da agência de turismo Agaxtur, Aldo Leone.
Refeições, passeios e compras --como vinho, alfajor e doce de leite-- são alguns dos produtos que ele menciona na lista de coisas que estão mais acessíveis para os brasileiros que chegarem por lá agora.
"As únicas coisas que não terão muita diferença no preço são passagem aérea, que é ligada ao dólar, e estadia, pois boa parte dos hotéis do país já tem as diárias vendidas diretamente em dólar também", declarou.
Inflação de 30% deixa preços imprevisíveis
Apesar da pechincha relâmpago que a queda do peso argentino abriu nos últimos dias, a diretora da Aguiar Buenos Aires, Brunna Brok, afirma que boa parte do ganho do turista em câmbio é perdida em inflação, uma taxa que sobe na casa dos 30% ao ano no país.
"O custo de vida subiu muito na Argentina, os preços mudam com muita frequência e acontece muito de a pessoa ver um valor agora e semana que vem já ser outro", disse ela.
O preço do metrô, por exemplo, que era 7,50 pesos em junho do ano passado, já teve um aumento de 66,7% desde então, e o café da manhã típico portenho (uma bebida quente acompanhada de "medialunas", o croissant argentino) dobrou de preço, de 40 pesos à época para os cerca de 80 pesos atuais
Brunna também lembra que, assim como o peso argentino, o real é também uma moeda com histórico de fortes oscilações e que não é raro que a relação de um para o outro mude muito rápido, em intervalos pequenos de dias. "Acontecimentos políticos no Brasil sempre influenciam na desvalorização imediata do real; um dia ele pode estar valorizado, no outro não", afirmou.
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