Euro faz 20 anos e segue como 2ª moeda global, apesar dos desequilíbrios
O euro, uma das conquistas mais tangíveis da União Europeia (UE), completa nesta terça-feira, dia 1º de janeiro, 20 anos depois de superar uma grave crise que não o impediu de permanecer como segunda moeda mundial, apesar dos desequilíbrios e endividamentos de muitos países-membros.
A moeda comum dos 19 países-membros da UE que integram a zona do euro e o primeiro grande passo para a integração política europeia teve um comportamento irregular ao longo destas duas décadas.
Os primeiros anos de operação representaram um estágio de sólido crescimento econômico, que atingiu seu auge em 2008, quando a crise financeira nos Estados Unidos revitalizou a moeda europeia como valor seguro para o dólar.
Este período positivo durou até o final de 2009, quando o euro enfraqueceu devido à crise da dívida soberana de países como Irlanda, Grécia, Portugal, Chipre e Espanha, que tiveram que ser resgatados em troca de políticas de austeridade fiscal.
Estes duros ajustes econômicos deixaram sequelas como a insegurança no emprego ou a ausência de investimentos públicos, aspectos que enfraqueceram o estado de bem-estar social e distanciaram muitos cidadãos da ideia de integração europeia.
O Banco Central Europeu (BCE), com sede em Frankfurt (Alemanha), teve que reduzir as taxas de juros ao mínimo histórico de 0,05% e lançar a compra de ativos aos bancos para frear o custo da dívida dos países em apuros.
Neste período, a taxa de câmbio sofreu flutuações significativas em relação à evolução do euro com o dólar.
A moeda europeia estreou em 1999 com uma variação de US$ 1,16. Desde então, oscilou entre sua baixa histórica, US$ 0,82 em outubro de 2000, e seu ponto mais alto em julho de 2008, quando ficou em US$ 1,60.
Em sua última cotação, em dezembro deste ano, foi alterada para US$ 1,13.
Os antecedentes do euro remontam ao estabelecimento do Sistema Monetário Europeu (SME) em 1979, com a criação da Unidade de Conta Europeia (ECU, sigla em inglês) como moeda supranacional para garantir a estabilidade das taxas de câmbio dos países-membros.
No entanto, foi até 1990 quando o então presidente da Comissão Europeia, o francês Jacques Delors, propôs a União Econômica e Monetária.
Dois anos depois, o Tratado de Maastricht estabeleceu os critérios de convergência: contenção da inflação, redução do déficit público e manutenção da dívida pública abaixo de 60% do PIB.
A designação da denominação euro foi adotada na cúpula dos chefes de Estado e de Governo em 1995, e a aprovação da introdução do euro para 11 dos 15 países no Parlamento e Conselho Europeu em 1998.
"O euro foi uma consequência lógica e necessária do mercado único. Facilita viagens, comércio e transações na zona do euro", afirmou o atual presidente do BCE, Mario Draghi, sobre as duas décadas da moeda.
O euro, introduzido como moeda financeira a partir do dia 1º de janeiro de 1999, coexistiu com as moedas nacionais desses países até serem retiradas de circulação.
Até o momento, 19 países adotaram o euro como moeda. Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda e Portugal foram os 12 países da UE que oficialmente colocaram o euro em circulação em 1º de janeiro de 2002. Mais tarde, juntaram-se a Eslovênia (2007), Malta e Chipre (2008), Eslováquia (2009), Estônia (2011), Letônia (2014) e Lituânia (2015).
Apesar de todas as dificuldades, a moeda única superou as previsões mais críticas após duas décadas da sua entrada em vigor.
"O euro e a estreita cooperação econômica de que ele precisa evoluíram ao longo do tempo, o que tornou possível superar as dificuldades", disse o presidente do Eurogrupo, Mario Centeno, resumindo os 20 anos da moeda única.
No entanto, o português adverte que "o trabalho ainda não terminou" e "requer esforços permanentes de reforma, seja a situação econômica favorável ou desfavorável".
A economia da zona do euro encerrou 2017 com um aumento de 2,5%, o maior avanço do PIB desde a explosão da crise, embora as projeções apontem para uma ligeira desaceleração, em parte devido à anunciada retirada de estímulos monetários excepcionais.
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