Cubanos nos EUA enviaram US$ 30 bilhões à ilha em 11 anos, diz relatório
Miami, 17 abr (EFE).- O envio de remessas de dinheiro dos Estados Unidos para Cuba entre 2008 e 2018 totalizou US$ 30 bilhões, o que transforma este ativo financeiro em uma espécie de salva-vidas "dos cubanos", segundo um relatório da empresa de consultoria Havana Consulting Group (THCG), cuja sede fica em Miami.
Por isso, a "melhor arma" da ilha caribenha para "resistir" à profunda crise que abala a Venezuela é o exílio de seus cidadãos, que hoje "suporta financeira e emocionalmente a família cubana", afirmou em artigo Emilio Morales, presidente e gerente-geral da THCG, que ajuda a entender o mercado de Cuba e seus consumidores.
Combinando os dois tipos de remessas, dinheiro e mercadorias, a população cubana recebeu um total de US$ 57,269 bilhões nos últimos 11 anos, com uma média de US$ 5,2 bilhões anuais.
As remessas representam o principal ativo financeiro da economia cubana não só em volume, em comparação com setores como o turismo, a mineração, o açucareiro e o de tabaco, como também equivalem a 50,8% das receitas da população cubana.
De fato, as receitas totais de remessas têm mais peso na economia da ilha do que o "comércio conjunto de Cuba com China e Venezuela", afirmou Morales.
A dependência econômica das remessas cria um "nível de vulnerabilidade" que o governo cubano "não pode controlar".
E o que é pior, a "escalada de sanções dos EUA" sobre Cuba no primeiro trimestre do ano faz pensar que, a médio prazo, o envio de remessas "possa vir a sofrer uma forte desaceleração".
Isso agravaria ainda mais a crise atual da economia cubana, na qual poderá ter um peso fatal a "possível intensificação da deterioração das relações entre Cuba e Estados Unidos nos próximos meses", com "mais sanções sobre o governo cubano" por parte da administração de Donald Trump.
"Isso seria catastrófico para a economia cubana" e uma "guilhotina no pescoço do governo cubano", previu Morales.
Essa situação se agravaria ainda mais com a entrada em vigor do título III da lei Helms-Burton, confirmada nesta quarta-feira.
O título III permite reivindicar em tribunais americanos as propriedades estatizadas pelo regime cubano e processar por danos as companhias estrangeiras que investiram em bens comerciais desapropriados na ilha. EFE
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