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Acordo UE-Mercosul pode ser ratificado em 2 anos, diz Câmara Brasil-Espanha

11/07/2019 21h25

Madri, 11, jul (EFE).- O acordo de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul, assinado no último dia 28 de junho, poderia ser ratificado em um prazo de até dois anos, previu o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Espanha, José Gasset Loring.

"Acredito que em dois anos (a ratificação) terá ocorrido", disse Loring em entrevista à Agência Efe antes de um jantar oferecido pelo órgão presidido por ele em Madri, a capital da Espanha.

"A política comercial, de troca comercial, já é uma política comum (dos países da UE). Agora só precisamos da ratificação do Parlamento Europeu", acrescentou o empresário.

Loring explicou que os próximos passos do acordo são a aprovação do Conselho Europeu, que deve ocorrer no último trimestre deste ano, e a apreciação do texto pela Eurocâmara, prevista para acontecer em 2020.

O empresário também destacou que o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris contra a mudança climática é "muito firme" e não representa um impedimento para as negociações, como questiona o governo da França.

Para ele, o setor agropecuário europeu não deve dificultar a aprovação do acordo, mesmo dos produtores de carne, que exigem melhores condições fitossanitárias por parte do Brasil.

"Acredito que o acordo é suficientemente mais amplo para não só se concentrar no comércio de produtos agrícolas. Há produtos industriais que também serão positivamente afetados", ressaltou.

O representante empresarial sugeriu a aplicação de medidas compensatórias aos setores que podem ser prejudicados na Europa, como os criadores de gado, além dos produtores de açúcar, de críticos e arroz.

Eles poderiam receber, segundo Loring, recursos oriundos dos fundos de globalização da Política Agrícola Comum da UE.

O embaixador do Brasil na Espanha, Pompeu Andreucci Neto, reforçou o compromisso ambiental do Brasil, dizendo que este é um ponto fundamental e muito sensível, no qual há muito empenho do atual governo.

Neto lembrou que o presidente Jair Bolsonaro já disse, mais de uma vez, que o Brasil continuará no Acordo de Paris e minimizou a decisão tomada por ele de transferir ao Ministério da Agricultura a decisão de demarcar terras indígenas.

"Isso não vai prejudicar (o andamento do acordo Mercosul-UE). A proteção dos indígenas está na Constituição", disse o diplomata. EFE