Powell admite risco de possível recessão e não se compromete a reduzir juros
Washington, 23 ago (EFE).- O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, admitiu nesta sexta-feira que existe a preocupação sobre uma possível recessão prolongada motivada pela incerteza sobre a política comercial global, mas não deu pistas sobre uma eventual redução das taxas de juros na próxima reunião do órgão, nos dias 17 e 18 de setembro.
"As perspectivas de crescimento mundial se deterioraram desde meados do ano passado. A incerteza da política comercial parece estar desempenhando um papel na desaceleração mundial e na fraca despesa em manufatura e capital nos Estados Unidos", ressaltou Powell em discurso na conferência de banqueiros centrais realizada neste mês em Jackson Hole, no estado de Wyoming.
Powell também comentou que a baixa inflação, que no caso dos Estados Unidos está abaixo da meta do Fed de 2%, é outro fator que está impulsionando a desaceleração da economia global.
O presidente do banco central americano disse que nos últimos meses surgiram "mais provas" desta desaceleração global, "especialmente na Alemanha e na China", da possibilidade de um "Brexit duro", do aumento das tensões em Hong Kong e da dissolução do governo da Itália.
"Os mercados financeiros reagiram com força diante desta imagem complexa e turbulenta", declarou.
Powell desenhou este panorama no início do segundo dia do encontro anual dos responsáveis pelos principais bancos centrais do mundo em Jackson Hole, um dos fóruns mundiais de debate sobre política monetária mais influentes do mundo e realizado desde 1978.
Os investidores esperavam que Powell desse alguma pista sobre os próximos passos do Fed, depois que na sua última reunião, em julho, os responsáveis pelo banco central dos EUA decidiram diminuir as taxas de juros até a categoria dentre 2% e 2,25%.
Esse foi o primeiro corte do preço do dinheiro nos EUA em mais de uma década, já que o anterior aconteceu logo depois da crise financeira de 2008.
No entanto, o banqueiro manteve o tradicional sigilo e não se comprometeu a continuar com a redução de taxas de juros solicitadas por alguns setores e pelo próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. EFE
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