Equador suspeita que roubo de dados foi feito por ex-funcionários do governo
Quito, 16 set (EFE).- O Equador suspeita que uma empresa privada que pertence a pessoas que trabalharam para o governo durante a presidência de Rafael Correa teria sido a responsável pelo roubo de dados de quase toda a população do país, expostos sem a devida proteção em um servidor localizado em Miami.
A hipótese foi divulgada nesta segunda-feira pelo ministro de Telecomunicações do Equador, Andrés Michelena, que concedeu entrevista coletiva para falar sobre o escândalo, revelado mais cedo pela empresa israelense de segurança cibernética vpnMentor.
"Temos uma empresa privada equatoriana que subtraiu informações de duas ou três instituições públicas. Eles trabalharam no regime do governo anterior", disse o ministro.
Michelena confirmou que o governo do Equador recebeu um alerta sobre o possível vazamento no último dia 11 de setembro, quando abriu uma investigação para descobrir o que de fato havia ocorrido.
As informações, segundo o ministro, pertenceriam ao sistema nacional de informação criado por Correa para reuni-los em uma única base de dados, mas os protocolos para protegê-la não teriam sido aplicados.
"Não houve hackeamento ou ataque à cibersegurança do país (...) De forma imediata, por meio da Arcotel (Agência de Regulação e Controle das Telecomunicações, aplicamos os protocolos necessários para proteger os dados", disse Michelena.
Segundo a vpnMentor, milhões de informações sensíveis dos equatorianos estavam expostas em um servidor nos Estados Unidos que pertencia à Novaestrat, uma empresa equatoriana de consultoria. Qualquer pessoa poderia acessá-las.
Entre as informações expostas estão dados pessoais e financeiros de 20 milhões de equatorianos, muitos deles mortos, o que permitia roubos de identidade e fraudes.
Após a divulgação do vazamento, o presidente do Equador, Lenín Moreno, pediu que Michelena e a ministra do Interior, María Paula Romo, concedessem entrevista coletiva para explicar o caso.
Michelena informou que há uma investigação penal aberta para averiguar se houve participação de pessoas que trabalharam para o governo de Correa no caso.
"Averiguamos de que empresa se trata, os donos da empresa, onde trabalharam. Efetivamente, eles eram funcionários públicos do regime anterior", disse Michelena.
Já Romo informou que eles poderão ser enquadrados por possível violação do direito à privacidade, previsto nos artigos 178 e 179 do Código Orgânico Integral Penal. EFE
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