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Trudeau: possível tarifa dos EUA sobre automóveis afetariam indústria americana

Ottawa

20/06/2018 21h41

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou nesta quarta-feira que a possível imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre automóveis canadenses importados prejudicaria os fabricantes americanos devido à profunda integração da indústria automobilística entre os dois países. "Seguir em frente com essas tarifas seria prejudicial ao Canadá com certeza, mas também seria muito danoso para os EUA e para o setor automobilístico e de fabricantes de automóveis dos EUA", disse Trudeau em coletiva de imprensa.

O presidente americano, Donald Trump, ameaçou impor tarifas sobre peças automotivas e veículos importados para os EUA, com base na mesma provisão de segurança nacional que foi usada para justificar as tarifas de aço e alumínio. A economia do Canadá é altamente dependente das exportações de automóveis e a maioria dos veículos é enviada para os EUA. Cerca de 135 mil canadenses trabalharam diretamente na fabricação de automóveis no primeiro trimestre deste ano, de acordo com a empresa de pesquisa DesRosisers Automotive Consultants. No entanto, ela afirmou que o número total de empregados canadenses que dependem da fabricação de automóveis se estende muito além do próprio setor.

Em seus comentários, Trudeau reconheceu que muitos canadenses dependem da indústria automotiva e afirmou que seu governo continuaria a apoiá-los. No entanto, ele disse não achar que o governo Trump prosseguirá com as tarifas sobre automóveis importados devido ao impacto que elas poderiam causar internamente. "Tenho dificuldade em aceitar que qualquer líder possa causar esse tipo de dano à sua própria indústria automotiva se implementasse tarifas aos fabricantes de automóveis canadenses", comentou o premiê do Canadá.

Nas últimas semanas, legisladores canadenses consideraram as tarifas americanas sobre aço e alumínio "absurdas" e "ilegais". Nesta quarta-feira, Trudeau disse lamentar ter de seguir adiante com tarifas em retaliação contra os EUA, "mas não podemos deixar as coisas do jeito que estão no momento". As tarifas canadenses retaliatórias devem entrar em vigor em 1º de julho. O premiê canadense acrescentou que o país continuar a negociar com os EUA e com o México no âmbito do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês) durante o verão no Hemisfério Norte. As negociações estagnaram no início deste ano devido a divergências sobre as regras sobre a indústria automotiva.

Trump

Durante a coletiva, Trudeau foi questionado sobre seu relacionamento com Trump e disse que o governo canadense buscou desenvolver pontos de interesse mútuo e que ele trabalhou para mostrar que medidas comerciais tomadas contra Ottawa "terão impactos negativos sobre os trabalhadores nos EUA". No início deste mês, Trump retirou o apoio americano à declaração de líderes do G-7 e chamou Trudeau de "desonesto e fraco" depois de críticas do líder canadense à forma como Trump lida com o comércio. Trudeau disse hoje que veria Trump na próxima cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas, e que anseia por um relacionamento contínuo e construtivo. Fonte: Dow Jones Newswires.