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Grécia deixa programa de resgate após oito anos

Victor Rezende e Mateus Fagundes

São Paulo

21/06/2018 21h22

O Eurogrupo, que reúne os ministros de Finanças da zona do euro, afirmou nesta quinta-feira que concordou com os elementos finais de um plano para tirar a Grécia do programa de resgate de oito anos e tornar a dívida do país mais administrável. "A dívida grega é sustentável daqui para frente", disse o presidente do Eurogrupo, Mario Centeno, que informou que a Grécia irá receber 15 bilhões de euros como a última tranche do programa de resgate.

Durante a reunião, o ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, afirmou que os países da zona do euro deveriam reconhecer "que a Grécia realmente fez seu trabalho e cumpriu com seus compromissos". Atenas já recebeu cerca de 275 bilhões de euros em apoio financeiro de seus credores internacionais nos últimos oito anos. Ao longo desse período, a Grécia esteve duas vezes perto de ser expulsa do Eurogrupo, disse o comissário da União Europeia para Assuntos Econômicos e Financeiros, Pierre Moscovici. "Houve enormes sacrifícios", disse.

A Grécia precisou, ainda, de ajuda financeira maciça de países da zona do euro e de credores internacionais para sobreviver financeiramente nos últimos oito anos. Em troca, o país teve de se comprometer com rigorosos programas de austeridade orçamentária. Mesmo depois que o programa de resgate terminar no verão no Hemisfério Norte, o país estará sob estrita supervisão de suas políticas. Ainda assim, Moscovici disse que "depois de oito anos de reformas difíceis, de ajustes difíceis em nossos programas, a Grécia será capaz de se mover sozinha".

De acordo com Centeno, a decisão de liberar a última tranche do programa de resgate à Grécia teve como base as avaliações de documentos e o compromisso da Grécia. Uma das questões finais da quinta-feira foi como permitir que a Grécia distribua parte de seus pagamentos de dívida ao longo de mais anos para garantir que o custo de pagar os empréstimos não sufoque a economia do país. A economia grega já apresentou fortes recessões desde o início da crise financeira, no fim de 2009, e o crescimento é um elemento-chave na redução do ônus da dívida.

Para tornar possível um acordo nesta quinta-feira, os legisladores gregos pressionaram, na semana passada, a aprovação de um último pacote de reformas econômicas exigidas pelos credores, incluindo cortes nas aposentadorias e uma reforma fiscal. Uma vez que o programa termine, a Grécia terá de se financiar por meio de empréstimos nos mercados de dívida internacionais.

O programa foi aprovado pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. Para ele, o acordo irá melhorar a sustentabilidade da dívida grega a médio prazo. Ele também se disse favorável à disponibilidade do Eurogrupo de aplicar medidas de alívio da dívida a longo prazo caso sejam verificados desenvolvimentos econômicos adversos.

Orçamento comum

Durante coletiva de imprensa após a reunião do Eurogrupo, Pierre Moscovici foi questionado sobre os planos de reforma na União Europeia propostos pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e pelo presidente da França, Emmanuel Macron. "Este não é lugar para desapontamentos. Sou um profundo e antigo apoiador do orçamento comum da União Europeia e espero que os líderes discutam o tema na próxima semana", disse o comissário, após ter afirmado que o Eurogrupo "recebeu bem" as propostas dos dois líderes.