Fintech de investimentos tradicionais lança plataforma de compra de bitcoin
Com o boom do bitcoin nos últimos tempos, o Brasil ultrapassou 1 milhão de investidores na criptomoeda --acima dos 715 mil cadastros em Bolsa. Com tamanho interesse, pipocaram no ano passado dezenas de plataformas de negociação de moedas digitais.
Esse mercado também tem atraído fintechs e corretoras de investimentos tradicionais de renda fixa e variável. A ideia é não ficar de fora desse universo e oferecer como diferencial mais facilidade e segurança nas operações.
Em agosto, o Warren --um robô de investimentos criado por ex-funcionários da XP-- lançou o seu "braço" de criptomoedas --a plataforma Elliot. Ela já conta com 5.000 clientes e tem 12 mil na fila de espera.
Da mesma forma que o Warren, a interação como Elliot é via chatbot, um bate-papo virtual, de forma descontraída. Por meio dessa interação, é traçado o perfil de risco do investidor.
Por ora, só é possível comprar e vender bitcoins. Porém, ainda este mês, serão vendidas outras moedas, como etherium e litecoin. No final do ano, será possível ter um portfólio de criptomoedas, mais próximo à proposta do Warren, que, diante do perfil de risco, monta uma carteira de renda fixa e variável.
O Elliot se difere de outras corretoras pois não permite que o usuário retire bitcoins da plataforma e os transfira para uma carteira virtual, como acontece na maioria desses serviços. Quando o cliente quer resgatar o ativo, precisa vendê-lo no Elliot e transferir o dinheiro, em reais, para uma conta de sua titularidade.
"Isso dá mais segurança à transação", diz Tito Gusmão, um dos fundadores do Warren. A corretora vai cobrar uma taxa única de 0,5% por transação.
Ele, que se denomina um "romântico" nesse assunto, percebeu que era necessário criar um "laboratório" de criptomoedas na fintech, depois de ter levantado que 30% dos usuários do Warren já investiam em criptomoedas e 87% desejavam investir pela plataforma se pudessem.
O "primo" Elliot nasceu do encontro de Gusmão com três amigos que queriam criar uma startup de moedas digitais. "O nome era horrível (Dourado Capital), mas os meninos eram incríveis e sabiam tudo sobre o assunto", brinca. "Daí fizemos uma proposta de parceria e eles viraram nossos sócios."
Gusmão explica que, apesar de terem a mesma interface, foi estratégico lançar o Elliot como uma plataforma separada. "Por mais que ele seja moderninho na cara e na proposta, ele é conservador: é a alternativa à renda fixa do banco, ao plano de previdência", diz Gusmão. "Já as criptomoedas têm mais volatilidade e risco - não é para um plano de longo prazo."
Para ele, apesar da queda em 2018, as moedas digitais têm um potencial promissor e devem avançar como meio de pagamento nos próximos anos. Ele também observa que agora, passado o alvoroço, pode ser uma oportunidade de investir na baixa.
Na mira. Além de fintechs, corretoras tradicionais também estão de olho nesse mercado. O grupo XP pretende lançar este mês sua plataforma de criptomoedas, segundo apurou a Coluna do Broadcast. A operação rodará, porém, em uma empresa separada, registrada com o nome XDEX. Procurada, a XP não comentou.
Perfil
Os investidores de criptomoedas são predominantemente homens, com idade entre 26 e 40 anos e renda acima de R$ 8 mil por mês, segundo pesquisa do aplicativo de finanças GuiaBolso. Além disso, 42% moram em São Paulo e outros 10% no Rio.
"A pesquisa mostra que parte das pessoas que aplicam nessa opção procuram ganhos elevados e rápidos, já que o volume de saques também é grande", diz Márcio Reis, diretor do GuiaBolso.
O aplicativo mapeou as transferências dos usuários para corretoras de moedas virtuais. A pesquisa foi realizada com 1.329 investidores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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