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PIB do 3º trimestre ficou 5,0% abaixo do pico, verificado no 1º tri de 2014

Daniela Amorim, Renata Batista e Vinicius Neder

Rio

30/11/2018 13h05

Com a alta verificada no terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou 5,0% abaixo de seu pico, registrado no primeiro trimestre de 2014, antes do início da recessão encerrada no fim de 2017, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o nível de atividade verificado no terceiro trimestre de 2018 está no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012.

Efeito de greve

Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, a atividade de serviços de transporte foi destaque de alta no PIB, informou o IBGE. A alta de 2,6% na comparação com o segundo trimestre foi marcada pela retomada do setor após a greve dos caminhoneiros, em maio, disse Rebeca Palis.

"O grande destaque neste trimestre na comparação com o trimestre imediatamente anterior foi o transporte, o que é muito explicado pela greve dos caminhoneiros", afirmou Rebeca, explicando que, por causa da greve, a base de comparação ficou muito deprimida.

Ainda pela ótica da oferta, a queda de 1,1% na indústria de eletricidade (na contramão do avanço de 0,4% no PIB industrial) foi explicada pela adoção da "bandeira vermelha", sobrepreço na conta de luz adotado pelas autoridades reguladoras do setor, como forma de custear o encarecimento da produção de energia quando as usinas térmicas são acionadas. Na metodologia do IBGE, o custo de geração afeta o valor adicionado pela atividade.

"Teve três bandeiras vermelhas no terceiro trimestre. Isso afeta o valor adicionado da atividade", afirmou Rebeca.

Já na ótica da despesa, o destaque foi positivo, a alta de 0,6% no consumo das famílias. Segundo Rebeca, foi a sétima alta seguida, na comparação com trimestres imediatamente anteriores.

"O consumo das famílias tem muito a ver com a melhora no mercado de trabalho", afirmou a pesquisadora do IBGE, ressaltando que houve aumento da ocupação, ou seja, do emprego, embora o avanço no mercado de trabalho ainda seja considerado de "baixa qualidade".

Além disso, Rebeca destacou que as taxas de juros estão em patamares historicamente baixos, o que estimula o consumo, assim como houve expansão do crédito livre no terceiro trimestre.

Boa conjuntura para consumo

O crescimento do PIB no terceiro trimestre está baseado na demanda interna, principalmente no consumo das famílias e nos investimentos, ressaltou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

O consumo das famílias avançou 1,4% no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano anterior, o sexto resultado positivo consecutivo. Contribuem para a manutenção da demanda a redução na taxa básica de juros, a Selic, a inflação pelo IPCA dentro do intervalo da meta perseguida pelo Banco Central, o crescimento real nas concessões de crédito e o avanço na massa de salários em circulação na economia, apontou o IBGE.

"Então isso tudo é conjuntura positiva para crescimento do consumo das famílias", resumiu Rebeca.

Apesar da influência do Repetro, o aumento de 13,5% nas importações de bens e serviços também evidencia um consumo doméstico maior.

"Com a economia melhorando, você importa mais. Tanto que um dos destaques das importações é produto químico, que é insumo para a indústria", ressaltou a coordenadora do IBGE.

Já os investimentos, com crescimento de 7,8%, tiveram ajuda da produção e importação de bens de capital.

"O desempenho negativo da construção está mais do que compensado pelo crescimento da importação e produção de bens de capital. A gente teve crescimento do investimento mesmo descontando efeito do Repetro", notou Rebeca.