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Fundo administrado pelo BTG pede despejo da Gafisa

Circe Bonatelli

São Paulo

19/12/2018 08h10

A Gafisa, uma das incorporadoras mais tradicionais do mercado imobiliário, recebeu um pedido de despejo da sua sede por estar inadimplente com o aluguel e o condomínio desde outubro. Naquele mês, foi empossada a nova direção da companhia, indicada pela gestora de recursos GWI, do investidor e maior acionista, Mu Hak You.

Desde então, o pagamento de vários fornecedores foi suspenso sob a justificativa de revisão dos contratos. Pessoas a par do assunto relatam, contudo, que há falta de conhecimento e traquejo da nova diretoria para gestão de uma incorporadora. Nenhum deles esteve à frente de uma incorporadora antes.

O calote da Gafisa, citado no processo que o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, teve acesso, considera dois meses de atraso, com um saldo aberto de R$ 774,9 mil, dos quais R$ 729,6 mil são de aluguel e R$ 45,2 mil de condomínio. Já o valor total da ação movida contra a empresa é de R$ 3,9 milhões.

Além do despejo, está incluído o pedido de rescisão do contrato de locação, indenização pela desmobilização e recuperação do espaço, fora os honorários advocatícios. O processo foi distribuído no dia 12 de dezembro, na 4.ª Vara Cível, de Pinheiros.

O autor da ação foi o fundo de investimento imobiliário (FII) Corporate Office Fund, que é dono do edifício Eldorado Business Tower, localizado entre o shopping center Eldorado e a Marginal Pinheiros, na zona sul da capital paulista. O fundo é administrado pelo banco BTG Pactual. A Gafisa aluga o andar 18.º e metade do andar 19.º, mas este último já está praticamente vazio após a onda de demissões sob a gestão da GWI, que reduziu o número de funcionários de 740 para 370.

De acordo com o processo, o contrato de locação vinha sendo cumprido regularmente até outubro. No dia 11 daquele mês, a Gafisa pediu o encerramento do contrato e foi informada sobre a necessidade de arcar com a rescisão antecipada da locação. Até então, a Gafisa planejava levar sua sede para um prédio comercial próprio, em São Caetano (Grande ABC), sob o argumento de economia de custos, mas acabou voltando atrás. Sem definição, parou de pagar o aluguel e não respondeu mais aos contatos do fundo administrado pelo BTG, dizem fontes.

Procurada, a Gafisa disse que não foi citada e reiterou que está renegociando os contratos. O BTG não quis comentar o assunto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.