Um banqueiro de atuação pública
Ao tentar um aperto da política monetária o presidente do BC reagiu, simplesmente, ao fracasso do Plano Cruzado II, implantado no fim do ano anterior. A insistência do chefe de governo em manter a fantasia do controle de preços e de salários, juntamente com uma taxa de câmbio irrealista, conduziria o País a uma nova moratória.
Outra quebra havia ocorrido cinco anos antes, quando uma enorme crise cambial se espalhou por dezenas de países, a partir da moratória do México. O governo brasileiro havia recorrido ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Nem tudo se consertou. Pelo menos as contas externas melhoraram, mas por pouco tempo. A lição havia sido esquecida pelos estrategistas do primeiro governo civil.
Bracher presidiu o BC entre 28 de agosto de 1985 e 11 de fevereiro de 1987, quando Dilson Funaro chefiava o Ministério da Fazenda e conduzia as tentativas de liquidar a inflação com intervenção em preços e salários, mas sem dar a atenção necessária aos problemas fiscais, monetários e cambiais.
O presidente do BC havia passado pela instituição entre 1974 e 1979, como diretor da área externa. Conhecia bem os problemas cambiais, quando assumiu a chefia da política monetária em 1985, mas só poderia usar plenamente seu conhecimento se confrontasse a política econômica. Em 1985 Bracher participou da reunião anual do FMI em Seul, na Coreia, e destacou-se como um defensor da política brasileira como responsável e digna de confiança. Cumpriu seu papel, mas foi incapaz de evitar o retorno do País ao Fundo, menos de dois anos depois.
Fernão Bracher foi mais conhecido, no último quarto de século, como banqueiro de sucesso. Em 1988, fundou o BBA, banco de investimentos, em associação com o austríaco Creditanstalt. Com a absorção pelo Itaú, 14 anos depois, criou-se o Itaú BBA. Candido Botelho Bracher, filho de Fernão, hoje preside o Itaú Unibanco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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