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Petrobras deve lançar em três meses pacote para venda de refinarias

Fernanda Nunes, Denise Luna e Cristian Favaro

Rio de Janeiro e São Paulo

01/03/2019 08h08

A Petrobras vai levar de dois a três anos para concluir o processo de recuperação financeira, disse ontem o presidente da companhia, Roberto Castello Branco, que lançará em três meses um pacote de desinvestimento de refinarias para reduzir o pesado endividamento da estatal.

A empresa teve lucro de R$ 25,8 bilhões em 2018, o primeiro desde que vieram à tona os escândalos de corrupção da Operação Lava Jato, há quatro anos. Mas, para o executivo, o resultado equivale a um prejuízo, já que não remunera o capital investido pelos acionistas.

"Apresentamos lucro contábil, e contabilidade não dita decisões econômicas. No momento, apesar de pagar dividendos, na prática, não estamos conseguindo cumprir com nosso dever (de dar retorno)", afirmou Castello Branco, ao detalhar o resultado financeiro de 2018.

Mais cedo, em teleconferência com analistas, o executivo reclamou da exigência de distribuir um valor mínimo de dividendos aos acionistas, sendo o maior deles a União, em vez de esse recurso ser liberado para colocar as contas da estatal em dia.

Castello Branco disse que vai ficar "muito satisfeito" quando conseguir equiparar o endividamento da Petrobras à sua geração de caixa e ao patamar de suas concorrentes. Para isso, pretende acelerar a venda de ativos. Além das refinarias, a empresa anunciou a venda de campos maduros e em águas rasas. Quer ainda se desfazer de algumas usinas termoelétricas.

Na área de refino, a Petrobras quer vender mais da metade da sua capacidade, incluindo até 100% de algumas unidades, desde que isso não signifique a formação de monopólios privados regionais. O pacote de desinvestimento, a ser lançado ainda neste semestre, deve ser mais agressivo do que o proposto por Pedro Parente, que planejava se desfazer de participações em quatro refinarias, nas regiões Nordeste e Sul. Segundo Castello Branco, esse modelo era pouco "competitivo".

Após a divulgação do resultado de 2018, analistas demonstraram expectativa com a aceleração da venda de ativos. O banco suíço UBS, por exemplo, afirmou que a empresa terá um futuro brilhante, na medida em que seus controladores mantiverem a independência e derem continuidade ao processo de desinvestimento. Analistas do Bradesco BBI, Vicente Falanga e Osmar Camilo disseram que veem o processo de redução da dívida como claro se a Petrobras mantiver a estratégia de vender parte do patrimônio para pagar credores.

"Esperamos que a companhia reporte um sólido resultado operacional em 2019 (sustentado pelo crescimento da produção e bom resultado no refino), aliado também a potenciais vendas de ativos", disseram Christian Audi e Gustavo Allevato, do Santander.

Vale

Após a coletiva, Castello Branco, ex-diretor da mineradora Vale, comentou o rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Questionado se o foco na gestão das finanças não poderia comprometer a operação da Petrobras, o executivo afirmou que o objetivo de maximizar o valor da companhia inclui avanços em segurança.

"Um acidente grave pode não só acarretar perdas enormes como ameaçar a sobrevivência de uma empresa", disse. Em 2018, a Petrobras registrou seis acidentes fatais. "A perda de vidas humanas, seja qual for sua explicação, é inaceitável. Nossa meta permanente é zero fatalidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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