Em estratégia de 'fatiamento' da Abril, 'Exame' deve ficar com o BTG
A Editora Abril, que está em recuperação judicial, deve repassar ao banco de investimentos BTG Pactual a revista de economia e negócios "Exame", apurou o jornal O Estado de S. Paulo com fontes a par do assunto. O processo de fatiamento da Abril faz parte da estratégia de Fábio Carvalho, novo controlador da companhia.
Segundo uma fonte, o empresário deve buscar compradores não só para a "Exame", mas também para outras unidades de negócio, como a Casa Cor e o Guia do Estudante. Nesses casos, dentro da recuperação judicial, a empresa pode fazer a venda de unidades produtivas isoladas em formato de leilão. No caso da "Exame", no entanto, o BTG já manifestou interesse claro, apurou a reportagem. Esse leilão de unidades pode ser realizado no curto prazo.
Outra "vantagem" para o BTG ficar com a "Exame" é o fato de o banco ter financiado o aporte que Carvalho está fazendo na Abril, de R$ 70 milhões. A companhia entrou em recuperação judicial, com dívida de R$ 1,6 bilhão, e foi arrematada por Carvalho pelo valor simbólico de R$ 100 mil. O executivo de 41 anos, que é sócio das varejistas Leader e Casa & Vídeo, assumiu a presidência da companhia.
A dívida da companhia é considerada impagável. Antes de Carvalho assumir o negócio, a consultoria americana Alvarez & Marsal montou uma reestruturação da dívida que prevê desconto de 92% nos débitos e 18 anos de prazo para pagamento. Do total dos débitos da Abril, cerca de R$ 1,2 bilhão estavam nas mãos dos grandes bancos brasileiros. A editora fechou um acordo com a companhia de recuperação de débitos de difícil recuperação Enforce - que também pertence ao BTG -, que adquiriu as dívidas e vai tentar cobrá-las.
Para atrair um investidor, a Abril teve de reduzir sua operação a uma fração da abrangência que a companhia já teve. Hoje, o grupo publica oito revistas impressas: Veja, Exame, Cláudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Saúde, Você S.A. e Você RH. Mantém ainda alguns títulos online, como Capricho e Minha Casa. Além de ter reduzido custos com aluguel ao sair de sua tradicional sede, em São Paulo, a companhia demitiu cerca de 800 profissionais em agosto do ano passado.
Além da operação de mídia, o grupo mantém negócios como a Casa Cor - de eventos de arquitetura e decoração -, o serviço de entregas de encomendas Total Express, uma gráfica e um braço de distribuição de revista.
Procurado, Carvalho não deu entrevista. "Parte da estratégia de reestruturação passará pela busca de oportunidades para venda de ativos. Como o Grupo Abril está em recuperação judicial, qualquer venda de ativo será contemplada no plano de recuperação, aprovada pelos credores e deve ser feita através de leilão judicial", disse a Abril, em nota.
O BTG não comentou.
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