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Guedes critica concentração de mercado em várias áreas da economia

Fabrício de Castro, Lorenna Rodrigues e Idiana Tomazelli

Brasília

18/12/2019 17h53

O ministro da Economia, Paulo Guedes, fez nesta quarta-feira, 18, uma crítica à concentração de mercado em várias áreas da economia brasileira. Ao citar as perspectivas do governo para o setor de saneamento no Brasil, Guedes citou que o País tem "200 milhões de trouxas", mas apenas "seis bancos", "seis transportadoras". "Todo mundo ficando rico às custas do brasileiro", pontuou, em referência à baixa concorrência nesses setores.

Ao tratar de modo geral da economia brasileira, Guedes afirmou que ela "já começou a acelerar". "O crédito já está em dois dígitos. Todos os setores estão crescendo, com o setor imobiliário na frente", afirmou. "Vai ser o melhor Natal nos últimos 5 anos. Ano que vem, (teremos) a menor despesa de juros dos últimos dez anos", acrescentou, em entrevista coletiva à imprensa ao lado de secretários do ministério que trouxe uma apresentação de balanço para o ano de 2019.

O ministro afirmou ainda que não existem problemas de "protagonismo" nas ações adotadas. "Boas ideias nós queremos acelerar", comentou. "Se os impostos subiram por 30 anos, nós vamos baixar. Se havia campeão nacional, agora, zereta para o campeão nacional. Queremos microcrédito", acrescentou, em referência à política de campeões nacionais levada a cabo durante o governo da presidente Dilma Rousseff.

Guedes também criticou o spread - a diferença entre o custo de captação dos bancos e o que é cobrado de famílias e empresas - no Brasil. "O spread é absurdo. O País está com 4,5% de Selic (a taxa básica de juros) e tem gente tomando juros a 100%", criticou.

Elogios a Mansueto

O ministro da Economia afirmou que Mansueto Almeida, atual secretário do Tesouro Nacional, "nos emprestou, de certa forma, toda a experiência e criatividade que ele tem" ao permanecer no governo. Mansueto havia participado também do governo do presidente Michel Temer.

Receitas

O secretário do Tesouro Nacional afirmou que, com os leilões de petróleo promovidos pelo governo nos últimos meses do ano, "colocamos para dentro da nossa receita quase R$ 100 bilhões".

Estes recursos, conforme Mansueto, ajudaram a reverter as frustrações de receita ocorridas no primeiro semestre do ano. "Terminamos o ano com todo o orçamento descontingenciado", pontuou. "Hoje, alguns ministérios estão nos ligando querendo devolver dinheiro", disse.

Dívida bruta

O secretário do Tesouro Nacional afirmou ainda que a dívida bruta brasileira deve terminar o ano por volta de 77,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a expectativa do mercado financeiro e do próprio Ministério da Economia era de dívida bruta de mais de 80% no fim de 2019.

"Se continuarmos nessa trilha, espero, no ano que vem, que o Brasil tenha um upgrade nas agências de risco", disse o secretário. "Estamos antecipando o cronograma de estabilização e redução da dívida em três anos", acrescentou.

Mansueto afirmou que cerca de metade da dívida bruta do Brasil vence em até 12 meses. Assim, em um cenário em que os juros caem, o pagamento de juros também diminui. "Quase metade da dívida está sendo renegociada a juro menor. Isso despencou o serviço da dívida", comentou.

Plano de voo bonito

O secretário do Tesouro Nacional disse ainda que o Brasil ainda não fez o dever de casa e que é preciso persistir com as reformas para ajustar as contas públicas. "Está um plano de voo bonito, mas temos de ter persistência de continuar nesse caminho. Dever de casa não está feito", afirmou. "Vemos que, com convicção, continuando nesse recurso. O resultado inevitável é país inovador."

Mudança

Mansueto participou de entrevista coletiva ao lado do ministro da Economia e fez um discurso emocionado e em tom de despedida. No início da entrevista, Guedes disse que ele irá para o ainda a ser criado Conselho Fiscal da República e que acumulará os dois cargos apenas inicialmente. "Termino o ano depois de muita discussão, a gente briga muito, tenta convencer o outro, é normal. Depois de um ano tão difícil, terminamos com um caminho longo pela frente", afirmou. "Se nos desviarmos desse curso (atual), vamos rapidamente contra (trajetória de recuperação)."

O secretário disse que a orientação para toda a equipe econômica é olhar para o efeito distributivo do gasto. Ele ressaltou que a lista de privatizações do governo não tem objetivo de arrecadação, mas de ter serviços mais eficientes. "Qualquer subsídio deve ser direcionado para a baixa renda", completou.

Mansueto lembrou novamente que a trajetória da dívida pública deve se estabilizar e cair ainda neste governo e disse que, com as reformas, o primário necessário para colocar a dívida em trajetória de queda é menor do que anteriormente. "Estamos convencendo a população de que reformar traz resultados" completou.