Confiança do consumidor sobe 1,4 ponto em agosto ante julho, revela FGV
O indicador voltou ao patamar de março, quando a economia começou a ser impactada pela pandemia do novo coronavírus, mas ainda está 7,6 pontos aquém do nível de fevereiro. Em médias móveis trimestrais, houve alta de 6 pontos em agosto.
"A tímida alta da confiança dos consumidores em agosto representa uma desaceleração no ritmo da recuperação iniciada em maio. Reflexo do quadro de grande incerteza, o resultado de agosto expõe também uma expressiva heterogeneidade entre as classes de renda. Os consumidores de renda baixa registram queda da confiança e parecem agora projetar maiores dificuldades nos próximos meses, o que pode estar relacionado ao fim dos pagamentos de auxílio emergencial. Os consumidores de maior poder aquisitivo, estão menos satisfeitos com o momento e preferindo poupar a consumir. Entre os dois grupos extremos, a confiança dos consumidores de classes intermediárias segue em agosto na tendência de recuperação. Os movimentos distintos mostram que não apenas o impacto mas a velocidade de reação pode ser diferente entre os agentes econômicos e devem ser analisadas com atenção", avaliou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Em agosto, o Índice da Situação Atual (ISA) subiu 0,5 ponto, para 71,5 pontos, nível ainda baixo em termos históricos. Já o Índice de Expectativas (IE) avançou 2,0 pontos, para 87,1 pontos, o melhor resultado desde fevereiro, quando estava em 93,2 pontos.
O componente que mede a satisfação presente dos consumidores com a economia avançou 1,2 ponto, para 75,1 pontos, enquanto o item que mede a satisfação com a situação financeira familiar cedeu 0,3 ponto, para 68,4 pontos. Ambos os quesitos permanecem próximos aos pisos históricos.
O componente que mede as expectativas dos consumidores sobre a economia nos próximos meses subiu 0,2 ponto, para 111,7 pontos, maior nível desde fevereiro (116,9 pontos). O item que mede o otimismo com relação às finanças familiares nos meses seguintes cresceu 1,4 ponto, para 91,1 pontos, quarta alta consecutiva. A maior contribuição para a alta do ICC em agosto foi do ímpeto de compras de bens duráveis, com elevação de 4,3 pontos, para 60,3 pontos, o maior patamar desde fevereiro (64,3 pontos).
Houve queda de confiança nas faixas de renda extremas, mais alta e mais baixa, e melhora nas faixas intermediárias. "Para os consumidores de menor poder aquisitivo, a piora está relacionada à falta de perspectivas sobre emprego e melhora da situação financeira familiar, o que afeta diretamente o consumo. Nos consumidores de maior poder aquisitivo, há também redução da intenção de compras de bens duráveis, o que parece estar relacionado com o alto nível de incerteza do período", apontou a FGV.
A Sondagem do Consumidor coletou informações de 1.752 domicílios em sete capitais, com entrevistas entre os dias 1º e 19 de agosto.
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