Pandemia prejudica discussão sobre reforma tributária, diz economista da CNC
O economista-chefe da CNC (Confederação Nacional do Comércio e Serviços), Fábio Bentes, disse que a pandemia do coronavírus prejudica a discussão da reforma tributária e que o governo deveria priorizar a saúde das empresas do setor diante da crise. "Deveríamos estar focando em garantir a sobrevivência das empresas no curto prazo", afirmou, em audiência virtual da Comissão Mista da Reforma Tributária.
Segundo Bentes, o setor está preocupado com a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) enviada na proposta da equipe econômica porque o governo não apresentou os cálculos para chegar à alíquota. "As empresas migrarão de uma alíquota de 3% para 12% e tem a possibilidade de abater crédito. Mas há uma preocupação muito forte porque serviços e comércio são as mais afetadas na crise", completou.
O economista disse ainda que, nas contas da entidade, as mudanças representarão um aumento adicional de 1,5% no preço de produtos e serviços. "O aumento na tributação do setor de bens e serviços levará a uma elevação de custos que acabará repassada ao consumidor final, em atividades como serviços médicos, escolares, cultura, hotelaria e telefonia", acrescentou.
Ele também criticou a criação de um imposto sobre transações digitais, como defendido pelo governo. "Já tivemos no passado e é bastante prejudicial para a atividade econômica".
Na audiência, após ouvir reclamações de aumento de carga de todos os setores da economia, o relator da comissão, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse que buscará construir um substitutivo "adequado e convergente". "As preocupações de cada setor são legítimas. Vamos buscar a neutralidade, para que não haja impacto nos setores e muito menos que isso seja impactante do ponto de vista econômico e de distorção de preços", completou .
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