Guedes, sobre comentário a respeito da China: Hoje usei uma imagem infeliz
O ministro deu a declaração polêmica em uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu) realizada na manhã desta terça-feira, 27. Ele não sabia que estava sendo gravado. A fala ecoa uma teoria bolsonarista sem comprovação, mas difundida nas redes sociais, de que a China desenvolveu o vírus da covid-19 em laboratório com interesses econômicos.
"O chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva que a do americano. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Os caras falam: qual é o vírus? É esse? Tá bom. Decodifica. Tá aqui a vacina da Pfizer. É melhor que as outras. Então vamos acreditar no setor privado", disse o ministro da Economia.
Mais tarde, ao falar à imprensa para anunciar mudanças em sua equipe, Guedes aproveitou para se retratar. "Hoje usei uma imagem infeliz", afirmou o ministro, que argumentou estar falando sobre "como é importante que setor privado colabore no combate à pandemia". "É uma imagem que não tinha nenhum objetivo (de ofender)", acrescentou.
Segundo Guedes, é sabido que o vírus veio de uma região da China - os primeiros casos foram detectados em Wuhan, ainda no fim de 2019 - e, portanto, a população já havia sido exposta à doença. "Foi nesse sentido que eu disse, um vírus que vem de fora e atinge economia de mercado", disse. "Quis mostrar a importância do setor privado, de como consegue produzir respostas."
O ministro disse ser "grato" à China por ter enviado a vacina ao Brasil e ressaltou que foi imunizado com a Coronavac. Ele tomou a primeira dose em 27 de março, e a segunda, no último domingo (25). "Somos muito gratos à China por ter enviado a vacina."
Após as declarações de Guedes na reunião do Consu, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, apontou que seu país é o principal fornecedor de imunizantes e insumos ao governo brasileiro. Sem citar o ministro, o diplomata escreveu em sua conta no Twitter que as vacinas e os ingredientes farmacêuticos ativos (IFAs) produzidos na China respondem por 95% do total recebido pelo Brasil.
Diante do potencial impacto nas relações entre os países, o ministro da Economia informou que foi avisado por Bolsonaro que França entraria em contato com chineses para "tirar mal entendido".
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