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Fiesp muda de comando após 17 anos com eleição de Josué Gomes da Silva

2.jul.2019 - Presidente da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), Josué Gomes da Silva, eleito para ser o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a partir de 2022 - Geraldo Magela/Agência Senado
2.jul.2019 - Presidente da Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), Josué Gomes da Silva, eleito para ser o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a partir de 2022 Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado

André Jankavski

Do Estadão Conteúdo

06/07/2021 08h00Atualizada em 06/07/2021 09h08

O empresário Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas, do setor têxtil, foi oficialmente eleito para ser o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) a partir de 2022, encerrando quase 18 anos de Paulo Skaf na presidência. A eleição foi em chapa única e Gomes da Silva obteve 108 votos, enquanto 4 optaram por anular o voto. "O Brasil precisa de uma indústria que cresça forte para que o Brasil cresça forte. Receber todos esses votos é uma grande honra", afirmou Gomes da Silva após o anúncio do resultado.

Apesar de conseguir quase 97% dos votos, o novo presidente da Fiesp terá, mesmo antes de sentar na cadeira, a missão de recriar uma unidade dentro da federação empresarial mais importante e rica do Brasil.

Essa divisão ficou mais clara na eleição do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). A chapa encabeçada pelo executivo do setor têxtil Rafael Cervone foi eleita com 1.147 votos, ante 680 da chapa de José Ricardo Roriz, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

Cervone, que será presidente do Ciesp a partir de janeiro de 2022, coloca panos quentes na disputa. Segundo ele, com o fim da eleição, não haverá mais situação e oposição. Segundo ele, é necessário "pensar em uma indústria unida e integrada", mas admite que a relação com a oposição não está das melhores. "O diálogo com a oposição depende de como se comportar a oposição. Foi muito difícil esse período. Nós conversamos com toda a base industrial e assim vai continuar sendo", afirma.

Grupos opositores acusam Skaf de se preocupar mais com a suas pretensões eleitorais (ele concorreu ao governo do Estado de São Paulo nas últimas três eleições) do que com os interesses da indústria. Além disso, alguns presidentes de associações afirmam que o presidente boicotava quem se posicionasse contra as suas propostas, retirando pessoas de grupos de discussão, até no WhatsApp.

"Nunca fui adversário do 'imperador' Paulo Skaf. Mas, no dia que você discorda dele, há um processo de exclusão total", afirma o presidente de uma associação.

Essa também é a principal crítica de Roriz, derrotado na disputa do Ciesp.

Segundo ele, Skaf passou a se preocupar mais com eleições do que com a indústria. "A agenda do Skaf é muito mais pessoal", afirma.

Apoiadores de Skaf discordam dessa visão. Um atual diretor da federação explica que Skaf se aproximou da política para defender os interesses da indústria e que a gestão da Fiesp está no caminho certo.

Skaf afirma que há um grupo minoritário que faz barulho, mas que as votações expressivas de ontem mostram que a sua condução é aprovada pela grande maioria e que não há nenhuma atitude de "imperador".

"Uma democracia não pode ser baseada na opinião de dois ou três. O 'imperador' apoiou um candidato que teve 97% dos votos e outro com quase 70%. Eu não fui candidato a nada", afirma Skaf ao Estadão.

Roriz afirma que está aberto para conversas com os candidatos eleitos e que espera que as demandas levantadas pela oposição durante o pleito sejam ouvidas pelos novos presidentes a partir de 2022.

A unificação, tanto da Fiesp quanto do Ciesp, é o que espera Ciro Marino, presidente da Associação Brasileira da Indústria Química. "Não acredito que a Fiesp esteja rachada, mas é preciso entender por que há divergências e conciliar a entidade."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.