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Petrobras diz à Justiça que suspensão de reajuste traria desabastecimento e caos

Logo da Petrobras na sede da empresa no Rio de Janeiro - REUTERS/Sergio Moraes
Logo da Petrobras na sede da empresa no Rio de Janeiro
Imagem: REUTERS/Sergio Moraes

Lorenna Rodrigues

Do Estadão Conteúdo

15/03/2022 20h52

Depois de ser intimada pela Justiça a se manifestar em ação que questiona o aumento de combustíveis anunciado na semana passada, a Petrobras disse que a suspensão do reajuste poderia levar ao "desabastecimento" e ao "caos" no País.

A estatal protocolou, nesta terça-feira (15), resposta no processo movido pelo Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas e outros representantes da categoria na semana passada.

A ação pede que seja dada liminar contra o reajuste estabelecido pela Petrobras na semana passada de 18,8% na gasolina, 24,9% no diesel e 16,1% no gás de cozinha.

Na manifestação apresentada hoje, a Petrobras reforça que a política de preços dos combustíveis é feita em equilíbrio com os mercados globais e essa é uma condição fundamental para o funcionamento adequado do setor. "Caso os agentes de mercado - não só a Petrobras - sejam forçados a adotarem preços defasados, a consequência será o desabastecimento nacional", afirma.

A empresa diz ainda que os autores da ação pretendem fazer uso "político" e de resposta a uma categoria específica com o processo, e que acolher a liminar pedida traz riscos, uma vez que o aumento já está em vigor.

"A Petrobras não é a única a atuar no mercado de refino no Brasil. Assim, a medida liminar, nos moldes em que pleiteada, gerará um 'preço Petrobras' e um preço diferente nas demais refinarias, o que ocasionaria um caos sem precedentes no mercado, em razão do preço judicialmente congelado", completa.

Em sua resposta, a Petrobras lembra ainda que outras commodities (produtos básicos, como petróleo e minério de ferro) também apresentaram aumento de preços em decorrência do conflito no leste europeu. A estatal ressalta que o preço dos combustíveis ao consumidor final reflete não só o valor pago nas refinarias, mas também fatores como tributos estaduais e federais, e margens de distribuição e revenda.

"A quantia paga pelo consumidor final não é a quantia que a Petrobras recebe. Do mesmo modo, a quantia paga pelo consumidor final não é o resultado das políticas de preços seguidas pela Petrobras, mas também da composição de diversas parcelas aplicadas por outros agentes".

Para ilustrar, a empresa afirma que quando um consumidor abastece seu veículo num posto e paga R$200, a Petrobras recebe, em média, cerca de R$ 71 (35,5%). "O restante refere-se aos tributos, etanol anidro e margens de distribuição e revenda".