Pãozinho francês dispara até 20% no país; preço chega a R$ 22 o quilo
A disparada de preços do trigo e da farinha provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, dois importantes produtores do cereal, chegou ao pãozinho francês. Desde que o conflito começou, em 24 de fevereiro, o preço do quilo do pão foi reajustado entre 12% e 20% no país, segundo levantamento da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip).
O preço do quilo do pão hoje oscila entre R$ 12 e R$ 22, segundo a entidade. "De acordo com os estoques de farinha e o tipo de empresa, localizada num bairro simples ou mais nobre, o preço e o porcentual de aumento variam", afirmou Paulo Menegueli, presidente da entidade que reúne quase 70 mil padarias no País. A farinha de trigo, que representa de 30% a 35% do custo do pão, subiu nos últimos 30 dias, em média, entre 20% e 23%, disse.
Faz dez dias que a padaria La Plaza, localizada na zona oeste da capital paulista, aumentou em 10% o preço do quilo do pão, de R$ 19,99 para R$ 21,99. O motivo foi a alta de 40% no preço da farinha de trigo, afirmou o gerente Tomaz Dantas. "A farinha é tudo. Se aumenta a farinha, não temos como segurar o preço do pão."
Há 23 anos à frente da padaria que funciona desde os anos 1980, Dantas disse acreditar que esse aumento no preço do pão é o maior o desde o início do Plano Real. Segundo ele, as altas do diesel, da gasolina e da energia elétrica também pressionam os preços do setor.
Energia
Rui Gonçalves, presidente do Sampapão, associação que reúne 6 mil padarias de São Paulo, disse que a forte alta do preço da energia elétrica impactou o setor. "A mesma padaria que em setembro do ano passado pagava R$ 10 mil de energia elétrica hoje paga R$ 16 mil, aumento de 60%."
O embaixador Rubens Barbosa, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que reúne os moinhos, relatou que, nos últimos meses, antes da guerra, o preço da farinha já tinha registrado alta de 10% em razão da valorização do trigo no mercado internacional. Ele observou que os moinhos não compraram o grão nos primeiros três meses deste ano porque estavam estocados.
Agora, no entanto, com a disparada da cotação do trigo por causa da guerra, o presidente da Abitrigo disse que os preços da farinha vão depender da política de cada empresa. "O mercado está muito volátil, não sabemos quanto tempo a guerra vai durar."
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