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BC: Copom projeta inflação em 4,6% no ano que vem; em 2024, projeção é de 2,7%

Projeções do BC já incorporam o impacto das medidas tributárias reduzem os preços de itens como combustíveis e a conta de luz - Antonio Molina - 11.jan.22/Folhapress
Projeções do BC já incorporam o impacto das medidas tributárias reduzem os preços de itens como combustíveis e a conta de luz Imagem: Antonio Molina - 11.jan.22/Folhapress

Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues

Estadão Conteúdo, Brasília

09/08/2022 09h19

A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada na manhã desta terça-feira, 9, indicou que a projeção para o IPCA de 2023, principal horizonte que o BC mira atualmente, está em 4,6% no cenário de referência.

Para 2024, que tem menor peso no horizonte relevante, a projeção para o IPCA está em 2,7%. Já para 2022, a estimativa é de 6,8%. As projeções já incorporam o impacto das medidas tributárias aprovadas que reduzem os preços de itens como combustíveis e a conta de luz.

O BC também voltou a destacar, assim como no comunicado, a sua projeção para o horizonte de seis trimestres à frente (1º trimestre de 2024), de 3,5%, depois de notar que os números para 2022 e 2023 estavam "sujos" com os impactos das medidas tributárias patrocinadas pelo governo.

Segundo o Copom, a inflação acumulada em 12 meses até o primeiro trimestre de 2024 reflete o horizonte relevante e suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias. Mas incorpora seus impactos secundários sobre as projeções de inflação relevantes para a decisão de política monetária. "O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual", disse na ata, como no comunicado.

O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 5,30 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência.

As estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom aumentou a Selic (a taxa básica de juros) em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano, a 12ª alta consecutiva.

A projeção para 2023 está acima do centro da meta (3,25%), mas levemente abaixo do limite superior, de 4,75%. No caso de 2024, a estimativa está aquém do alvo central (3,00%, banda de 1,50% a 4,50%). Já para este ano, mesmo após as desonerações, a projeção segue indicando novo rompimento da meta, uma vez que supera muito o teto de 5,00%.

No documento, o BC ainda disse que "avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião", em setembro, o que aponta para a possibilidade de a Selic ficar estável em 13,75% ou subir 0,25 ponto porcentual, para 14,00%.

Na ata da reunião anterior, em junho, as projeções de inflação no cenário que considerava juros do Focus, câmbio PPC e petróleo evoluindo conforme a curva futura de mercado eram de 8,8% para 2022, 4,0% para 2023 e 2,7% para 2024.

Atividade

O Copom destacou por meio da ata de seu último encontro que os indicadores de atividade seguem apontando para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, mas manteve a expectativa de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Na semana passada, o Copom elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano.

"No âmbito doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgado desde a última reunião do Copom segue indicando crescimento ao longo do segundo trimestre, com uma retomada no mercado de trabalho mais forte do que era esperada pelo Comitê. Tanto os indicadores referentes à contratação de emprego formal quanto as taxas de ocupação e desocupação sugerem uma normalização rápida dos setores intensivos em trabalho após a pandemia", detalhou o documento. "O Comitê segue avaliando que a atividade deve desacelerar nos próximos trimestres, quando os impactos defasados da política monetária se fizerem mais presentes", completou o BC.

O Copom reconheceu que os dados do mercado de trabalho - sobretudo o volume de contratações e a taxa de desocupação - surpreenderam e podem significar um estreitamento mais célere da estimativa de hiato do produto. Ainda assim, o BC ressaltou que ainda há ociosidade na economia.

"De todo modo, nota-se que avaliações sobre o hiato, especialmente no que tange ao componente ligado ao mercado de trabalho, estão sempre sujeitas à incerteza, especialmente em uma conjuntura como a atual em que a economia ainda se normaliza após a pandemia e onde há notável heterogeneidade setorial nesse processo. O Comitê seguirá acompanhando e analisando o hiato do produto à luz das próximas divulgações", acrescentou o documento.