EUA esperam alta de 0,75 ponto no juro, mas o Fed pode ir além
A Oxford Economics afirma em relatório que o Fed irá repetir a dose de suas duas reuniões mais recentes e elevar os juros em 0,75 ponto. A consultoria diz estar especialmente atenta às projeções e à entrevista coletiva do presidente do BC americano, Jerome Powell, após a decisão. Para a Oxford, os EUA devem enfrentar uma "recessão leve" no primeiro semestre de 2023, mas não está claro se o Fed projetará isso agora. Após a decisão de hoje, a Oxford diz ainda que outra elevação do mesmo nível pode ocorrer em novembro.
O Deutsche Bank coincide na aposta para hoje, embora mencione uma alta de 1 ponto porcentual como "possível". O banco alemão lembra que Powell já disse que uma alta de 0,75 ponto é substancial e "não usual" e que vários dirigentes da ala hawkish têm mencionado essa faixa. O Deutsche acredita que manter o ritmo dará ao BC margem para apertar a política "substancialmente mais no curto prazo, sem necessariamente levar o Fed a um incremento maior de patamar de que seria difícil escapar". Ele menciona ainda o desejo do banco central americano de não reagir demais a um único dado e resgata declarações de dirigentes destacando que a política monetária leva um tempo até mostrar todos os efeitos do aperto.
AS APOSTAS
No início da semana, o monitoramento do CME Group mostrava cerca de 80% de chance de uma elevação de 0,75 ponto, com 20% de possibilidade de uma elevação de 1 ponto. O Danske Bank afirma que o mercado já dá como "negócio fechado" a alta de 0,75 ponto, mas "com alguns pedindo uma elevação ainda maior". O banco cita em relatório pesquisa divulgada no fim de semana pelo Financial Times com importantes economistas acadêmicos, segundo os quais o Fed terá de elevar os juros acima de 4% e mantê-los nesse nível para além de 2023, sugerindo, portanto, um "caminho longo" no aperto para conter os preços. Grande parte dos economistas ouvidos pelo FT ainda alertava para o risco de que a inflação acima da meta do Fed fique mais arraigada à economia.
O Citi, por sua vez, se soma ao coro de que uma terceira alta consecutiva de 0,75 ponto deve ocorrer hoje. O banco cita 1 ponto porcentual como possibilidade, mas considera isso "improvável diante das condições financeiras já apertadas e de potencial dificuldade de comunicação sobre desacelerar a partir de uma alta maior". Para o Citi, os juros devem ficar na faixa entre 4% e 4,25% ao fim do ciclo de aperto, com riscos de alta. "É muito mais fácil ver cenários nos quais os juros ficam acima de 5% do que o ciclo terminar abaixo de 4%", adverte. Em seu cenário-base, o banco acredita em altas de 0,75 ponto nesta semana, de 0,5 ponto em novembro e de 0,25 ponto em fevereiro, "embora dados de empregos ou inflação mais fortes possam resultar em uma quarta alta consecutiva de 0,75 ponto em novembro".
Segundo o ING, a alta de 0,75 ponto deve se concretizar nesta semana, já que as expectativas de inflação e os planos de preços corporativos "parecem menos ameaçadores" agora, enquanto a perspectiva para o crescimento está "mais incerta". Ao mesmo tempo, o banco holandês espera que a comunicação soe "mais hawkish", com foco na inflação que perdura, o que levará o gráfico de pontos do Fed a refletir mais de perto a precificação do mercado de que a taxa final no atual ciclo de aperto estará na faixa entre 4,25% e 4,50%.
No monitoramento do CME Group, na segunda-feira, o quadro visto como mais provável (46,6%) é de juros encerrando este ano na faixa entre 4,25% e 4,50%, seguido (36,2%) pela chance de que estarão entre 4% e 4,25%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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