Resultado de swaps cambiais explica aumento interanual da conta de juros, diz Rocha, do BC

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, destacou nesta segunda-feira, 29, que houve um "aumento significativo" na rubrica dos juros nominais nas contas fiscais de junho, ante igual período do ano passado, explicado majoritariamente pelo resultado dos swaps cambiais. O setor público consolidado teve um resultado negativo de R$ 94,851 bilhões com juros no mês passado, após ter encerrado maio com um gasto de R$ 74,361 bilhões.

O BC sempre destaca que não visa lucro nas operações de swap cambial ou na administração das reservas internacionais. Segundo a autoridade monetária, o objetivo é fornecer hedge ao mercado em tempos de volatilidade e manter um colchão de liquidez para momentos de crise.

Em junho do ano passado, essa despesa havia ficado em R$ 40,726 bilhões, o que fez o dado do mês passado ter mais que dobrado na comparação interanual. Rocha destacou que, enquanto em junho de 2023 houve um ganho de R$ 25,5 bilhões na receita de juros, neste ano, o mês registrou uma perda de R$ 28,6 bilhões com swaps, ampliando as despesas com juros. "Destacando que houve uma depreciação de 6,1% do câmbio em junho, que é responsável pela perda com swap", apontou Rocha.

Segundo Rocha, esta diferença resulta num efeito dos swaps de R$ 49,1 bilhões, do total de R$ 54,1 bilhões de piora nas contas dos juros nominais em junho. "O restante da piora veio do aumento do estoque nominal da dívida", apontou Rocha, observando ainda que os swaps também explicam integralmente a alta de gasto com juro entre maio e junho. Em maio, a despesa ficou em R$ 74,361 bilhões.

Também de acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, as despesas com juros nominais no acumulado do ano, na proporção com o PIB, em 8,13% (R$ 454,777 bilhões), foi o maior nível da série histórica desde o primeiro semestre de 2003, quando o dado ficou em 9,01% do PIB. Rocha pontuou ainda que, de janeiro a junho deste ano, houve uma perda de R$ 57,1 bilhão com swaps, o que ajudou no avanço do resultado negativo com juros nominais na comparação com o primeiro semestre de 2023.

Já o resultado em 12 meses, que fechou em 7,48% do PIB (R$ 835,748 bilhões), foi o maior desde abril de 2016.