Queda de commodities e espera de detalhes fiscais chamam recuo no Ibovespa, apesar de exterior

A desvalorização de 2,77% do minério de ferro em Dalian, na China, somada ao recuo de mais de 1,00% do petróleo, puxa o Ibovespa para baixo na manhã desta terça-feira, 30. Além disso, o investidor demonstra certa cautela enquanto espera o detalhamento da contenção e bloqueio de R$ 15 bilhões no Orçamento prevista no terceiro Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas.

Apesar das dúvidas em relação aos órgãos que serão atingidos pelo plano, Felipe Moura, analista da Finacap, pondera que houve avanço na seara fiscal do Brasil. "Não tínhamos nada sólido e agora há uma direção, o tom melhorou e tem um plano. Isso é importante", avalia.

A desvalorização do principal indicador da B3 é moderada no viés de alta das bolsas norte-americanas. Nesta terça, o Federal Reserve (Fed) e o Banco do Japão (BoJ) iniciam suas reuniões de política monetária que terminam amanhã, bem como o Comitê de Política Monetária (Copom).

Ainda sairão balanços da Microsoft e da fabricante de semicondutores Advanced Micro Devices (AMD), após o fechamento dos mercados, além de PMIs da China à noite.

Apesar da cautela antes da divulgação de balanços corporativos e de decisões de bancos centrais ao longo da semana, o viés é positivo no exterior basicamente porque os dados do PIB da Europa vieram acima do esperado, menciona em comentário o economista-chefe do BV, Roberto Padovani.

O noticiário de indicadores e corporativo do Brasil também concentra as atenções, a começar pela Petrobras. A estatal na noite de segunda-feira, 29, que fechou o segundo trimestre do ano com produção média de 2,69 milhões de barris diários (boed) de óleo equivalente (petróleo e gás natural). O montante representa uma alta de 2,4% na comparação anual. As ações cediam entre 0,43% (PN) e 0,13% (ON) perto das 11 horas, apesar do declínio acima de 1,00% do petróleo.

Quanto aos balanços informados, a Klabin registrou lucro líquido de R$ 315 milhões no segundo trimestre de 2024, queda de 68% ante o mesmo período do ano anterior. O resultado líquido atribuído ao acionista da Klabin no segundo trimestre de 2024 veio acima 56,5% da estimativa do Prévias Broadcast. As ações da Klabin subiam 0,73%.

Na seara de dados, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) arrefeceu a 0,61% em julho, ante 0,81% em junho, mas ficou acima da mediana das projeções. O resultado eleva a cautela dos investidores já que as expectativas de inflação seguem altas e as incertezas fiscais, também, o que pode agregar parcimônia em relação ao comunicado do Copom. À tarde, sairá o Caged de junho.

Quanto ao Copom, a expectativa é de manutenção da Selic em 10,50% ao ano. Segundo Moura, da Finacap, se o Banco Central (BC) sinalizar que não subirá a taxa à frente, será um sinal importante e bem visto pelo mercado, dado que o dólar ante o real segue apreciando e os juros futuros longos indicando avanço.

"A reunião pode ter mais um tom positivo do que negativo, se o BC sinalizar que não aumentará a Selic lá na frente", diz o analista da Finacap.

Nesta segunda, o Ibovespa fechou em queda de 0,42%, aos 126.953,86 pontos. Às 11h06 desta terça, cedia 0,54%, aos 126.264,31 pontos, perto da mínima de 126.221,38 pontos (-0,58%). Na máxima, marcou 126.950,76 pontos, mesmo nível da abertura, quando teve variação zero. Vale caía 1,67%, contaminando o setor metálico, e Petrobras perdia entre 0,41% (PN) e 0,20% (ON).