Bolsas da China podem cair mais de 20% em 2016, dizem analistas
SÃO PAULO - O primeiro pregão de 2016 será lembrado pela "black monday" (ou segunda-feira negra) chinesa, após derrapada de 8,49% da Bolsa da Xangai - na maior queda diária desde o auge da crise financeira global de 2007, assustando o mundo e levando uma onda de contágio às demais bolsas internacionais para um dia de "sell off" (venda generalizada).
Embora a sessão desta terça-feira (5) tenha mostrado uma queda bem mais amena, dias de forte baixa do mercado chinês não chegaram ao fim, segundo aponta relatório do Bank of America Merrill Lynch, assinado pelos analistas David Cui, Tracy Tian e Katherine Tai.
Para eles, o índice Xangai pode ir para 2.600 até o fim deste ano, o que representaria uma queda de 21% na comparação com o fechamento desta sessão. Um cenário perigoso para o balanço de corretoras, bancos e do chamado "shadow banking" (sistema bancário sem regulação), comentam. "O balanço dos bancos e seguradoras pode ser machucado, tanto diretamente como por conta de danos colaterais". Os analistas apontam que, por trás desse pessimismo, há dois fatores: valuation "caro" e extrema alavancagem no mercado chinês.
O que pode causar outro rodada de 'sell-offs'?
Segundo analistas do banco, apesar da calmaria vista nos últimos meses no mercado chinês (desconsiderando o pregão de segunda-feira), uma outra rodada de "sell-offs" no gigante asiático poderia ser causada por qualquer inesperado choque, como, por exemplo, de saída de capital, como resultado da volatilidade da moeda local, ou renminbi.
Eles comentam que, diante disso, há alguns fluxos de risco que o investidor deve monitorar, dado que poderia levar a outra derrapada do mercado: 1°) vendas ações por grandes acionistas (detentores de mais de 5% do capital). Isso porque, por enquanto, eles estão banidos de realizarem vendas no mercado secundário, mas isso deve expirar em 8 de janeiro; 2°) retomada de negociação de ações suspensas - atualmente cerca de 10% do total das ações classe A; 3°) a reforma no regime de IPO programada para 1° de março. Uma das hipóteses dos analistas é que o mercado pode usar o lançamento da reforma como razão para vender ações; 4°) e, por fim, a venda por ações por parte do próprio governo. No cenário atual, os analistas acreditam que o governo irá segurar sua posição em ações, no entanto, qualquer sinalização de venda poderá trazer uma onda negativa para o mercado.
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