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Fed mantém os juros em decisão dividida e sinaliza que alta está próxima

21/09/2016 15h00

SÃO PAULO - Os líderes do Federal Reserve decidiram em reunião encerrada nesta quarta-feira (21) pela manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos, seguindo a expectativa do mercado que via nos recentes dados da economia local uma pressão maior que evitaria a elevação das taxas. Por outro lado, eles afirmaram que uma alta dos juros estão próximas de ocorrer.

O resultado da votação foi dividido, com 7 integrantes pedindo a manutenção e 3 votando pela alta das taxas neste mês. No comunicado, o Fed diz que  "o cenário para aumento nas taxas de juros foi reforçado mas decidimos, por enquanto, por esperar por mais provas do progresso contínuo em direção a nossos objetivos".

O Fed também sinalizou que os riscos enfrentados pela economia parecem "mais ou menos equilibrados". Esta é a primeira vez que a autoridade americana se mostra mais otimista sobre as perspectivas desde dezembro do ano passado, quando subiu as taxas pela primeira vez desde 2006.

Em seu gráfico de pontos, utilizado para mostrar as projeções do Fed para os próximos anos, a autoridade reduziu a velocidade do aumento das taxas daqui para frente. Para este ano é esperada uma alta, enquanto para 2017 a projeção foi reduzida de três para duas elevações dos juros. Já nos dois anos seguintes a expectativa é de três altas, tanto para 2018 quanto para 2019.

Por outro lado, o Fed reduziu sua meta de longo prazo para as taxas de 3% para 2,9%.  As autoridades também reduziram a estimativa para o PIB deste ano de 2% para 1,8%.

O mais provável é que o aumento dos juros ocorra na reunião de dezembro, já que neste meio tempo, no encontro de novembro, ocorrerá a eleição presidencial e não há coletiva da presidente do Fed Janet Yellen. Com isso, os olhos dos investidores agora se voltam para a última reunião do ano, que pode sofrer uma reviravolta de projeções dependendo de quem for eleito para assumir a Casa Branca.

Coletiva
Em sua conferência, Yellen reforçou a visão otimista do Fed com a economia americana e comentou sobre a situação do mercado de trabalho nos EUA.  "O fato de que as taxas de desemprego têm se mantido estável, enquanto o número de empregos cresceu solidamente mostra que mais pessoas, em resposta às melhores oportunidades de emprego e salários mais altos, já começaram a buscar e encontrar empregos", disse. " Este é um desenvolvimento muito bem-vindo, tanto para individualmente quanto para a nação como um todo", completou Yellen.

A chairwoman do Fed disse ainda que a  decisão não reflete uma falta de confiança na economia.  Em vez disso, segundo ela, o comitê "escolheu esperar" por uma evidência maior de novos progressos, com mais pessoas voltando ao trabalho e impulsionando a inflação de volta para o intervalo alvo de 2%.

A primeira pergunta feita para Yellen remeteu ao fato do Fed ter movido suas metas e ter introduzido em seu discurso o aguardo por "mais evidências" de melhora na economia. Segundo ela,  "a economia tem um pouco mais de espaço para melhorar". O mercado de trabalho ainda está enfraquecido, como indicou o aumento da taxa de participação da força de trabalho.  "Nós não vemos que a economia está superaquecendo agora", afirmou.

Questionada sobre os discursos de outros líderes do Fed, que queriam uma alta dos juros agora, Yellen afirmou que ha " menos desacordo entre os membros do Fed do que se pode imaginar, dados os comentários e o impulso de suas declarações públicas". Segundo ela, todos no Fomc  concordam que a economia está melhorando gradualmente, e há muita incerteza sobre o que é o "novo normal" para a política monetária. É natural ter diferentes perspectivas, disse ela.

Yellen comentou ainda sobre as recentes declarações do candidato republicano Donald Trump, que afirmou que o Fed está tentando impulsionar a economia para beneficiar o presidente  Barack Obama e a democrata Hillary Clinton. Ela disse que o Fed "não leva em conta a política em nossas decisões". Além disso, a chair deixou em aberto a possibilidade de tomar uma decisão na reunião de 2 de novembro.

Os riscos nos mercados financeiros são "moderados" hoje, com a maioria dos preços dos ativos dentro da normalidade, afirmou Yellen. O Fed está monitorando de perto os riscos financeiros e vai usar outras políticas para corrigir os desequilíbrios crescentes, disse.  "O Fed não quer empurrar a economia para uma recessão apertando demais ou muito rapidamente", completou.

A chairwoman ressaltou que a  inflação pode aumentar em um mundo onde o crescimento é de 2%, isso se o mercado de trabalho ficar apertado o suficiente. A inflação tem sido baixa, mas não pode ficar baixa para sempre, disse Yellen.