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"Quitinete de luxo" tem arquitetura inspirada em aviões

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

30/08/2012 06h00

Projetar imóveis de tamanho mínimo, mas charmosos a ponto de atrair o consumidor das classes A e B. Esse é o desafio de empresas e arquitetos responsáveis por criar as "quitinetes de luxo" que estão virando tendência em São Paulo.

A GR Properties, que lançou um empreendimento do tipo na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo, foi buscar inspiração em aviões e navios. A ideia, diz o gerente de incorporação da empresa, André Gavazza, é aproveitar cada centímetro dos apartamentos que partem de 34m².

Outra forma de minimizar o pouco espaço é oferecer o máximo de serviços nas áreas comuns. No andar térreo do prédio da GR, o morador conta com serviços no modelo "pay-per-use", ou seja, que serão pagos conforme o uso (e não descontados no condomínio). Entre esses serviços estão o de faxineira, manicure, costura e passeador de cães.

A integração dos espaços também é importante para não tornar os ambientes ainda menores. "Antes, os imóveis eram construídos com cômodos isolados. Hoje os espaços são integrados, você recebe uma visita e todos cozinham juntos, todos participam. O apartamento compacto gera uma experiência que o apartamento grande não gerava", diz o diretor comecial da incorporadora Requadra, Marcos França.

Imóveis pequenos são maioria nas vendas

Imóveis menores e com ampla gama de serviços são, para o economista-chefe do Secovi (Sindicato da Habitação de São Paulo), Celso Petrucci, uma tendência irreversível na cidade.

A mudança de estratégia das empresas já começa, segundo ele, a ser percebida em números. Entre janeiro e junho deste ano, mais da metade dos imóveis lançados em São Paulo tinha até dois dormitórios.

"Parte da explicação está no fato de existirem hoje muitos novos arranjos familiares. Muitos jovens que têm 25 ou 26 anos já ganham ótimos salários e querem sair de casa. Mesmo os jovens que se casam cedo não ficam muito tempo dentro do apartamento, e existe um número grande de pessoas divorciadas. Para essas pessoas, as unidades compactas são bastante atrativas", diz.

O preço é outro motivo que leva esse tipo de imóvel a fazer sucesso, diz Petrucci. Isso porque, apesar de o metro quadrado ser mais caro do que o cobrado por apartamentos maiores, no fim das contas o tamanho reduzido faz com que o valor acabe cabendo no bolso.