The Economist critica 'contabilidade criativa' do Brasil
Na mesma semana em que um blog do jornal "Financial Times" criticou o "jeitinho brasileiro" na condução da política econômica do país, a revista inglesa "The Economist", em edição que circulou nas bancas da Europa nesta quinta-feira (17), ataca a "contabilidade criativa" do governo federal no cumprimento das metas de superavit primário.
A revista cita a exclusão de gastos com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) da conta do superavit, assim como o uso de recursos do Fundo Soberano e a antecipação de dividendos de bancos estatais para poder bater a meta. Segundo a publicação, seria melhor ao governo rebaixar a meta de superavit que recorrer a estes artifícios.
"O Brasil provavelmente poderia adotar uma meta mais baixa de superavit sem arriscar sua reputação de sobriedade fiscal duramente conquistada. Mas mudar a meta seria uma melhor forma de fazer isso do que recorrer à contabilidade criativa", diz o texto da "Economist".
A revista lembra ainda que esta não foi a primeira vez que o governo recorreu a expediente semelhante e cita 2010, quando foi feita uma "complicada troca de títulos entre o Tesouro Nacional e a Petrobrás" que "magicamente adicionou 0,9% do PIB ao superavit", diz o texto.
Com o título "Números errados", a reportagem foca nos números divulgados recentemente da economia brasileira que indicam a perspectiva de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e de pressão inflacionária. A revista lembra que caso o governo não tivesse segurando os preços da gasolina e do transporte público, a inflação de 2012 teria fechado próxima aos 6,5% do teto da meta. No ano passado, o IPCA, índice oficial da inflação, fechou em 5,84%.
A resposta do governo aos números ruins do crescimento e dos preços, segundo a revista, provocou temores de que o Brasil possa estar no início de um ciclo de alta inflação com baixo crescimento.
A reportagem afirma ainda que a perspectiva para 2013 é de crescimento mais acelerado, mas mostra preocupação com o ano consecutivo, quando as eleições presidencias de 2014 poderiam, segundo a revista, levar o governo a abandonar a política de responsabilidade fiscal para alcançar as previsões de crescimento econômico em torno de 4%.
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