Mantega liga para FMI e nega que Brasil seja contra resgate a Grécia
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligou nesta quinta-feira (1º) para a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, para desautorizar o representante brasileiro no órgão, e dizer que o Brasil apoia o plano de ajuda à Grécia. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda.
Ontem, o diretor-executivo brasileiro no FMI, Paulo Nogueira Batista, manifestou ser contra a ajuda financeira do FMI à economia grega, citando riscos de calote. Na segunda-feira, o FMI anunciou a liberação US$ 1,7 bilhão para o país europeu em crise.
Na conversa desta quinta, Mantega disse à chefe do FMI que Batista deu seu voto sem autorização do governo brasileiro. Segundo o Ministério da Fazenda, Batista foi chamado para dar explicações ao governo.
Ainda segundo o ministério, o FMI ainda não sabe se pode reverter o voto.
A conversa entre o ministro e a diretora-gerente do FMI evidencia o mal estar causado pelo posicionamento de Batista à revelia do governo brasileiro.
Brasil não apoiou decisão de ajudar a Grécia
O representante brasileiro no FMI revelou, em comunicado público incomum, que onze países da América Latina se abstiveram em relação à decisão do Fundo de manter o resgate à Grécia. Segundo Barbosa, haveria uma frustração crescente nas nações emergentes com essa política de resgatar países europeus endividados.
"Os recentes desenvolvimentos na Grécia confirmam alguns de nossos piores temores", dizia a nota de Batista.
Além do Brasil, Batista representa mais dez pequenos países na América Central e do Sul, e do Caribe.
"A implementação (do programa de reformas da Grécia) tem sido insatisfatória em quase todas as áreas; as suposições de sustentabilidade de crescimento e dívida continuam a ser otimistas demais", acrescentava o diretor-executivo do Brasil no FMI.
Após a repercussão negativa do comunicado, Batista divulgou, ainda na quarta-feira, uma nota para esclarecer que suas avaliações sobre a decisão do Fundo em relação à Grécia representam uma visão pessoal e não refletem o posicionamento dos 11 países que representa na diretoria executiva que ocupa no FMI.
(Com Reuters)
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