BC aumenta projeção de inflação e sinaliza que não deve reduzir juros
O Banco Central afirmou em ata, divulgada nesta quinta-feira (24), que a inflação deve se manter acima do centro da meta do governo nos próximos trimestres, e sinalizou que não deve haver redução da Selic, a taxa básica de juros.
O governo trabalha com a meta de manter a inflação em 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo (ou seja, variando entre 2,5% e 6,5%).
Pelo cenário de referência (com a Selic a 11% e dólar em R$ 2,20), a projeção para a inflação de 2014 e de 2015 foi elevada sobre o valor do documento anterior e permanece acima do centro da meta. Os valores não são divulgados pelo BC.
De acordo com o documento, a inflação deve se manter "resistente" nos próximos trimestres, mas abrandar nos trimestres finais de 2015.
BC não deve reduzir juros
Em pouco mais de um ano, a taxa Selic passou do menor nível histórico de 7,25% para os atuais 11%, em uma tentativa de controlar a inflação.
Na semana passada, o banco decidiu manter a Selic em 11% ao ano pela segunda vez seguida, mas surpreendeu alguns economistas por não retirar a expressão "neste momento" para explicar sua decisão.
O documento da reunião passada dizia: "Diante disso, avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés."
Assim, os agentes econômicos entenderam que o BC poderia alterar a qualquer momento sua política econômica, e voltar a reduzir a Selic.
A ata do BC se refere à última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que define a taxa básica de juros e a política econômica que será adotada pelo órgão.
Alta dos preços
Na ata, o BC também piorou seu cenário sobre o comportamento dos preços.
O órgão passou a projetar aumento maior dos preços das tarifas de energia elétrica neste ano: 14%, frente aos 11,5% considerados até então. Ao mesmo tempo, passou a ver menor redução nos preços de telefonia fixa, a 3,8%, ante 4,2%.
No geral, manteve em 5% suas contas para a alta nos preços administrados.
Juros e inflação
A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia.
Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.
Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.
Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.
(Com Reuters)
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