BC mantém taxa básica de juros em 11% ao ano, mesmo nível desde abril
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, manteve a taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano. A decisão foi unânime.
É a quarta reunião seguida do Copom em que os juros ficam nesse nível. Em abril, o BC subiu os juros de 10,75% para 11%. Em maio, em julho e agora, a taxa foi mantida no mesmo nível. Até abril, os juros vinham subindo numa série de nove altas seguidas, que começou em abril de 2013.
A Selic é uma taxa de referência para o mercado e remunera investimentos com títulos públicos, por exemplo. Não representa os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos. A taxa média de juros cobrada das pessoas em julho chegou a 102,36% ao ano, segundo a Anefac, associação de executivos de finanças. Mas a Selic influi nos juros cobrados do clientes final.
BC tira expressão 'neste momento' de comunicado
Em comunicado, o Copom disse que "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e perspectivas para inflação" decidiu manter os juros. No entanto, retirou a expressão "neste momento", usada nas últimas duas reuniões, que era entendida pelo mercado como uma sinalização de que poderia alterar os juros num futuro próximo.
"Acho que o Banco Central retirou o 'neste momento' justamente para sinalizar que não terá que aumentar os juros agora. Indica que a contração do PIB nesses últimos trimestres surpreendeu em alguma medida o BC", disse o economista-chefe do Banco Pine, Marco Maciel.
Economia em recessão e inflação perto do teto da meta
A decisão do BC de não alterar o juro ocorre no momento em que a economia brasileira entrou em recessão técnica e a inflação em 12 meses ainda ronda o teto da meta do governo.
A economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre e 0,2% nos primeiros três meses do ano, ante os trimestres anteriores, colocando o país em recessão técnica.
Já a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 6,50% em 12 meses até julho, limite do teto da meta do governo.
A meta do BC é manter a alta dos preços em 4,5% ao ano, mas são aceitos dois pontos percentuais para cima ou para baixo (ou seja, variando de 2,5% a 6,5%).
Poupança continua rendendo igual
A poupança continua rendendo com seu potencial máximo.
Uma nova regra de 2012 estabelece que ela renda menos quando a Selic estiver igual ou inferior a 8,5% ao ano. Nesse caso, a poupança daria 70% da Selic mais a TR. Como está acima disso, o rendimento é o tradicional: 6,17% ao ano mais a TR.
Taxa de juros é ferramenta para tentar combater inflação
A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação, ou estimular a economia. Analistas já esperavam uma alta da taxa de juros para combater a alta de preços, que tem preocupado o governo.
Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair, controlando a inflação, em tese. Por outro lado, juros altos seguram a economia e fazem o PIB (Produto Interno Bruto) ficar baixo.
Se os juros estão elevados, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais alto. Essa situação deixa a economia com menos força. O lado bom é que investimentos baseados em juros são beneficiados e rendem mais para o aplicador.
Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo e mais risco de inflação, porque as pessoas compram mais e nem sempre a indústria consegue produzir o suficiente. Quando há falta de produtos, a tendência é que eles fiquem mais caros.
A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.
Entenda o Copom
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros, mas a Selic já era usada como indicador desde 1986.
As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias em Brasília.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Administração, Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Fiscalização, Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Política Econômica, Política Monetária, Regulação do Sistema Financeiro, e Relacionamento Institucional e Cidadania.
(Com agências de notícias)
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