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PIB, desemprego, inflação: veja desafios do novo ministro da Fazenda

Fabio Braga/Folhapress
Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Aiana Freitas

Do UOL, em São Paulo

27/11/2014 15h33

Economia parada, Inflação em alta, gastos elevados, risco de desemprego e desconfiança dos empresários. Esses são alguns dos problemas urgentes que o novo ministro da Fazenda terá de enfrentar, dizem economistas.

O substituto de Guido Mantega será Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro do governo Lula. Nelson Barbosa, ex-secretário executivo da Fazenda, é o novo ministro do Planejamento.

Confira, a seguir, os principais desafios da nova equipe, na opinião de especialistas consultados pelo UOL.

  • Ajuste fiscal

O problema mais urgente que deve ser enfrentado pela nova equipe econômica, dizem os analistas, é o do superavit primário, que tem ficado fora da meta.

O superavit é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública. O objetivo para 2014 era economizar o equivalente a 1,9% do PIB. Essa meta não só não foi cumprida, como existe o risco de o país terminar o ano com deficit.

“A questão fiscal é a mais urgente", diz o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. O economista Samy Dana, professor da FGV-SP, concorda que esse deve ser o desafio número um. "O deficit compromete, e muito, a capacidade do governo de fazer novas dívidas", diz.

  • Gastos públicos

Para os especialistas, o ajuste fiscal passa, necessariamente, pelo corte de gastos públicos. "Será preciso postergar a contratação de funcionários públicos e enxugar a máquina estatal", diz Otto Nogami, professor do Insper.

Ele alerta, porém, que isso terá um efeito ruim no curto prazo. "O governo é o segundo maior consumidor da economia, atrás apenas das famílias, e uma redução pequena no orçamento terá impacto no crescimento", afirma. "É uma medida dolorosa, mas necessária."

  • Resgate da confiança

A nova equipe econômica também precisará resgatar a confiança dos empresários, dizem os especialistas. "Os empresários estão pessimistas com relação ao futuro do país, o que faz com que não invistam e, assim, não gerem emprego", declara Samy Dana.

Raul Velloso avalia que o fato de Levy atuar no mercado financeiro pode ajudar a resgatar essa confiança. "Ele tem uma formação mais ortodoxa e teve uma atuação muito positiva no Tesouro quando esteve lá", afirma.

  • Emprego

Ao mesmo tempo em que terá de cortar despesas, a nova equipe econômica terá de direcionar melhor os gastos que vai continuar fazendo.

Para Otto Nogami, será preciso investir mais em infraestrutura, logística e energia. "Essas medidas resgatariam a capacidade de produção do setor privado, que voltaria a investir", diz ele. O resultado seria a geração de mais empregos.

  • Inflação e juros

A inflação em alta é outro problema que precisará ser enfrentado com urgência pelo governo. Para Nogami, no curto prazo, isso só será possível por meio do aumento da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,5% ao ano.

"A inflação só pode ser atacada de duas formas: ou reduzindo o desejo das pessoas de consumir, ou aumentando a capacidade de produção da indústria. Enquanto os investimentos no setor produtivo não começarem a aumentar, a única saída será reduzir o desejo de consumo, por meio do aumento dos juros."

  • Crescimento

No primeiro semestre deste ano, a economia brasileira entrou em recessão. A expectativa do mercado é que a economia cresça apenas 0,21% em 2014.

A retomada do crescimento é urgente, dizem os economistas, mas depende de vários outros fatores. Dana diz que apenas contendo a inflação o governo conseguiria estimular o consumo e, assim, provocar o crescimento.

Segundo Nogami, a retomada do crescimento da economia só ocorrerá após 2016, e se o ajuste fiscal for feito em 2015.