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Petrobras tem perdas de R$ 6,2 bi com corrupção e prejuízo de R$ 21,6 bi

Do UOL, em São Paulo

22/04/2015 19h36Atualizada em 22/04/2015 20h56

A Petrobras (PETR3, PETR4) calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas com pagamentos indevidos descobertos pelas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A estatal também reduziu o valor de seus bens em R$ 44,3 bilhões, após ter reavaliado uma série de projetos, principalmente a Refinaria Abreu e Lima e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Com isso, a empresa registrou um prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, em comparação com lucro de R$ 23,57 bilhões obtido em 2013. O prejuízo foi de R$ 5,339 bilhões no terceiro trimestre e de R$ 26,6 bilhões no quarto trimestre do ano passado.

O cálculo das perdas com corrupção foi baseado em informações da investigação do Ministério Público Federal, segundo a empresa.

A estatal divulgou nesta quarta-feira (22) os resultados do terceiro e do quarto trimestre do ano passado, auditados pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC). A apresentação foi feita após reunião do Conselho da estatal, na tarde desta quarta, e foi seguida por entrevista coletiva com a imprensa.

O relatório foi aprovado sem ressalvas pela auditoria, segundo o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine. Ele afirmou que, a partir de hoje, a companhia voltou a garantir a credibilidade no relacionamento com acionistas e credores.

Está prevista para quinta-feira, às 11h, uma teleconferência com investidores.

A Petrobras é o principal alvo de denúncias de corrupção na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Mais cedo, a Justiça Federal do Paraná condenou o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e outras seis pessoas por crimes como lavagem de dinheiro e por pertencerem a organização criminosa, dentro do processo sobre desvios de recursos na estatal. 

Empresa não deve pagar dividendos

No balanço, a empresa não programou nenhum dinheiro para pagar remuneração aos seus acionistas em relação ao ano de 2014. Os divididendos são a distribuição dos lucro da empresa com os detentores de ações.

Até a divulgação do balanço não auditado do terceiro trimestre, a estatal acumulava lucro de mais de R$ 13 bilhões ao longo do ano. No entanto, com a revisão dos resultados para incluir perdas com a corrupção, não "sobrou" lucro para ser distribuído entre os acionistas.

Quem tem ações da Petrobras, no entanto, não deve se preocupar com isso agora. Segundo a recomendação de analistas, ações são investimentos de longo prazo, e deve-se considerar o retorno oferecido ao longo dos anos.

Balanço foi adiado duas vezes

A divulgação tinha sido adiada por duas vezes. Um dos motivos dessa demora foi a dificuldade de definir uma metodologia para calcular o tamanho das perdas com corrupção.

Em novembro, a Petrobras chegou a divulgar os resultados operacionais do terceiro trimestre; em janeiro, publicou os dados financeiros relativos a esse período, mas sem contabilizar desvios com corrupção e sem a aprovação da auditoria. Os dados do quarto trimestre ainda não tinham sido apresentados.

Se o balanço não fosse divulgado, os credores poderiam pedir o pagamento antecipado de dívidas da estatal. 

Mudanças na diretoria e cortes de investimentos

A crise na estatal custou o cargo da ex-presidente da empresa Graça Foster, e de outros cinco diretores, que renunciaram em fevereiro. Foster foi substituída pelo então presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.

A empresa também anunciou, no início de março, um plano de "desinvestimento", com a intenção de vender algumas unidades e levantar US$ 13,7 bilhões entre 2015 e 2016. A empresa afirmou que os ativos do pré-sal não estão incluídos na proposta.

Em meio ao escândalo de corrupção, a Petrobras teve sua nota de crédito cortada por agências de classificação de risco e passa por dificuldades para obter financiamentos com condições interessantes.

Para analistas, balanço não deve afetar ação nos EUA

Segundo analistas e advogados que acompanham o caso, a divulgação do balanço da Petrobras é um passo importante para a recuperação de confiança na companhia, mas não deve afetar a batalha jurídica que a estatal enfrenta nos Estados Unidos.

Para os analistas, os efeitos do escândalo de corrupção vão continuar repercutindo na empresa e em suas parceiras envolvidas, afetando as atividades na exploração de petróleo e gás.

Nos EUA, a Petrobras é acusada de divulgar informações falsas sobre suas operações e omitir dos investidores as denúncias de corrupção. 

A ação se refere apenas a investidores que compraram os papéis da empresa nos Estados Unidos. Como a legislação que regula o mercado financeiro é muito diferente no Brasil, um processo como esse não poderia ocorrer aqui.

(Com agências de notícias)