China vive crise ou é exagero? 'Eu vejo crise no Brasil', diz especialista
A China cresceu 6,9% em 2015 e operadores de mercado no mundo todo falam em "crise" e em uma temida desaceleração econômica. Faz sentido?
O avanço da economia chinesa realmente está em seu nível mais baixo em 25 anos. Mesmo assim, especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que o quadro não é tão ruim quanto pintam por aí.
A crise chinesa só existe para o mercado financeiro, que vive de especulações, na opinião de Gilmar Maziero, professor da FEA/USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo). Para ele, é natural que o país não conseguisse manter o crescimento de dois dígitos por longo tempo.
"Comparado com o Brasil [que registrou recessão nos três trimestres de 2015], o crescimento da China é considerado elevado. Eu vejo crise no Brasil, não na China", diz.
Processo de mudança
Para Roberto Dumas Damas, professor do Insper e autor do livro "Economia Chinesa" (Editora Saint Paul), o país passa por um processo de mudança no modelo econômico.
"Durante muitos anos, os investimentos em infraestrutura e na indústria foram os motores da economia chinesa. Agora, ela passa por uma reestruturação, na qual o consumo interno e os serviços serão os novos motores", afirma.
Segundo ele, nesse processo é natural que o PIB avance a taxas menores. "Nos próximos dez anos, enquanto estiver ocorrendo esta mudança, o crescimento da China deve ficar em torno de 4,5% a 5% ao ano", declara.
Exagero
Para o prêmio Nobel Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia (EUA), o pessimismo é exagerado. "O que está acontecendo na China é uma desaceleração realmente, mas não é uma desaceleração catastrófica", disse ele, em entrevista à agência de notícias Bloomberg.
"Eu realmente acho que as pessoas estão exagerando", disse à Bloomberg Adam Posen, presidente do Peterson Institute for International Economics e ex-membro do Banco da Inglaterra.
Outros são menos otimistas. Também à agência Bloomberg, o economista-chefe do Citigroup, Willem Buiter, sugeriu que há um risco de 55% de que a China empurre a economia global para uma recessão nos próximos dois anos.
(Com Bloomberg / Edição: Maria Carolina Abe)
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