Dólar, conta de luz e até a crise ajudaram a conter a inflação, diz IBGE
A inflação oficial no Brasil, que havia atingido 10,67% em 2015, fechou 2016 em 6,29%, dentro do limite máximo da meta do governo.
O que ajudou a conter a alta dos preços no ano passado foi a queda do dólar e a crise econômica, com recessão, desemprego e crédito raro e caro levando as pessoas a consumirem menos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Soma-se a isso o fato de que os alimentos subiram, mas menos que em 2015, e a queda na conta de luz.
Alimentos subiram menos
Os alimentos "têm aumentado ano a ano", segundo Eulina Nunes, coordenadora do IBGE. Isso acontece porque tem havido um aumento na procura ("vários países em desenvolvimento que aumentaram o consumo de alimentos e estão importando mais") e uma queda na oferta de produtos ("o clima mais rigoroso por conta do aquecimento prejudicou as lavouras").
Tanto em 2015 quanto em 2016, os alimentos subiram porque as safras foram prejudicadas pelo fenômeno climático El Niño. Porém, a alta de preços registrada em 2016 foi menor que a de 2015. Ainda assim, eles tiveram forte influência na inflação do ano passado, diz Eulina, "já que a maior parte da despesa das famílias é destinada aos alimentos".
Saúde pesou mais
Em 2016, dos itens pesquisados pelo IBGE, apenas os de saúde e cuidados pessoais subiram mais que em 2015.
Medicamentos e planos de saúde tiveram, em 2016, um reajuste maior do que em vários anos anteriores, em função até da inflação passada, segundo Eulina. Além disso, eles sofreram influência do aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em vários Estados.
Conta de luz: da disparada à queda
Um item que teve grande diferença quando comparamos 2016 a 2015 foi a energia elétrica. Em 2015, a conta de luz subiu 51%, num cenário de racionamento de água, introdução da taxa extra na conta (bandeiras tarifárias) e reajustes de tarifas em várias regiões metropolitanas. Em 2016, a conta de luz teve queda de 10,66%, segundo o IBGE.
Crise, desemprego, juros altos e falta de crédito
Apesar da pressão causada pela alta nos preços dos alimentos, outros fatores ajudaram a conter a inflação. Por exemplo, os juros altos e a falta de crédito no mercado fizeram as pessoas consumirem menos.
Também pesou aí o desemprego e a queda na renda do trabalhador, "que fez com que as pessoas evitassem comprar ou destinassem sua renda para produtos mais essenciais, como a alimentação", segundo a pesquisadora.
"O desemprego foi aumentando, as pessoas perdendo emprego e poder de compra, o crédito muito caro, as pessoas deixando de comprar", afirma. "Com isso, o ritmo de crescimento de preços foi ficando cada vez mais moderado."
Queda do dólar ajudou
O IBGE também aponta o efeito da queda do dólar sobre a inflação. "Em boa parte do ano, o dólar teve uma influência forte. E o dólar recuou bastante nos últimos meses. A gente viu, em vários momentos, ele sendo refletido nos preços", diz Eulina.
O dólar caiu 17,7% em 2016. Direta ou indiretamente, vários produtos são afetados pela cotação da moeda americana. O impacto mais visível é no preço das viagens internacionais e dos produtos importados, como azeites, vinhos e peixes (como o bacalhau). Mas outros itens, apesar de serem produzidos aqui, também sofrem influência indireta do dólar. É o caso do pãozinho e de outras massas, como o macarrão.
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