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Mesmo com juros caindo, rotativo do cartão sobe ao maior nível em 6 anos

Do UOL, em São Paulo

23/02/2017 10h53

Mesmo com os recentes cortes na taxa básica de juros e as mudanças na cobrança do cartão de crédito, a taxa de juros do rotativo subiu em janeiro, passando de 484,6% para 486,8% ao ano, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (23) pelo Banco Central.

É a taxa mais alta em quase seis anos, desde março de 2011, quando a pesquisa começou a ser feita. Os juros saltaram 2,2 pontos percentuais na comparação com dezembro e 47,3 pontos em relação a janeiro do ano anterior.

Já os juros do cheque especial foram de 328,3% ao ano, o que representa queda de 0,3 ponto percentual em relação a dezembro, mas um salto de 36 pontos na comparação com janeiro de 2016.

Os dados são referentes apenas aos juros cobrados das famílias. Esses são números médios e podem variar para cada situação específica, porque os bancos oferecem taxas diferentes de acordo com o plano contratado pelo cliente e a relação entre eles (quem tem mais dinheiro no banco paga menos taxas).

Cortes na taxa básica de juros

Na noite de ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) decidiu cortar novamente a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, a 12,25% ao ano. Os juros estavam em 13%. Foi a quarta redução seguida da taxa.

A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

Desde o final de 2016 o governo vem pressionando para que os bancos reduzam os juros. Além dos sucessivos cortes na Selic, uma das medidas adotadas foi limitar o uso do rotativo do cartão a 30 dias. Com isso, os juros só poderão ser cobrados até o vencimento da fatura seguinte, e não jogados para frente como era feito.

A ideia é que os consumidores migrem automaticamente para outra modalidade, a de cartão de crédito parcelado. 

Mas os reflexos desse movimento ainda não foram sentidos pelos consumidores na contratação de novos empréstimos, embora os bancos tenham anunciado em janeiro e novamente nesta quarta que repassariam o juro menor.

Os dados do BC mostram que os juros do cartão de crédito parcelado, para o qual os clientes devem migrar, subiram 8,1 pontos percentuais no mês passado, passando de 153,8% para 161,9%.

Governo diz que juros vão cair

Depois da alta em janeiro, as taxas de juros dos empréstimos devem cair nos próximos meses, segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Para ele, é comum as taxas subirem em janeiro porque os clientes voltam a usar modalidades de crédito rotativo (cheque especial e rotativo do cartão de crédito).

“No final do ano, com o décimo terceiro salário, as pessoas pagam esses empréstimos rotativos e o peso deles em dezembro diminui. Em janeiro, tem retomada dessas modalidades com juros mais altos. Isso faz com que a média de janeiro suba”, disse Maciel.

Ele afirmou também que os juros sofrem influência da mudança de perfil do tomador de crédito no mês, com risco maior de calote, o que leva os bancos a subirem os juros.

Outras taxas

Confira a variação de outras modalidades de crédito monitoradas pelo BC em janeiro:

  • Cartão de crédito parcelado: de 153,8% ao ano em dezembro para 161,9% ao ano em janeiro;
  • Crédito pessoal não-consignado: de 139,8% ao ano em dezembro para 140,9% ao ano em janeiro;
  • Crédito pessoal consignado: de 29,4% ao ano em dezembro para 29,6% ao ano em janeiro;
  • Crédito renegociado: de 54,2% ao ano em dezembro para 57,2% ao ano em janeiro;
  • Compra de veículos: de 25,7% ao ano em dezembro para 26,2% ao ano em janeiro;
  • Compra de outros bens: de 95,1% ao ano em dezembro para 92,7% ao ano em janeiro;
  • Financiamento imobiliário: se manteve em 10,9% em janeiro.

(Com Agência Brasil)

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