"Até me aposentar, eu já morri", diz jovem ao tirar 1ª carteira de trabalho
Na véspera da entrada em vigor da reforma trabalhista, que começa a valer neste sábado (11), jovens em início de carreira mostram dúvidas a respeito das mudanças na legislação.
Na manhã desta sexta-feira (10), o UOL esteve no Poupatempo da região da Sé, centro de São Paulo, para ouvir jovens que foram tirar sua carteira de trabalho.
Giulia Pereira Pelegrini, 19, foi atrás do documento para entrar em seu primeiro emprego com carteira assinada, na empresa de tecnologia de sua tia.
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Disse que estava difícil conseguir um trabalho na área que gostaria, de artes plásticas, por isso foi trabalhar com a tia.
Ela diz que não está muito por dentro da reforma trabalhista e que viu "umas coisas pela televisão", mas ainda assim está preocupada em como a reforma pode afetá-la.
Sua mãe, a professora do ensino fundamental Ruth Eva Pereira Pelegrini, 53, diz que fica "preocupada com a nova geração", mas mantém o discurso otimista.
"A reforma veio aí, tudo bem. Nós estamos vivendo uma época de crise no país, mas não devemos desanimar", diz.
Isabela da Silva, 14, também foi tirar sua carteira para tentar uma vaga de aprendiz. "Estou começando a trabalhar agora para juntar dinheiro para fazer uma faculdade de Direito", conta.
Ela diz que soube "mais ou menos" sobre a reforma, mas não foi se informar. Mesmo com a pouca idade, ela mostra preocupação com a aposentadoria.
Além da reforma trabalhista, o governo tenta fazer mudanças nas regras de aposentadoria, por meio da reforma da Previdência, mas o projeto enfrenta resistência no Congresso atualmente.
Entre as mudanças estudadas, está a criação de uma idade mínima para a aposentadoria. O projeto proposto estabelece 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.
"Será que eu vou me aposentar? Até eu me aposentar, eu já morri", afirma a estudante, dizendo que tem "medo" da reforma.
Marcos Vinicius Silva Nascimento, 21, também diz estar preocupado com a aposentadoria --não apenas com a sua, mas a de seus futuros filhos também.
Ele trabalha há mais de dois anos como recepcionista em uma empresa, e foi ao Poupatempo tirar a segunda via de sua carteira de trabalho, depois de perder o documento.
Nascimento diz que "ainda não" está por dentro das mudanças trabalhistas em detalhes, mas é contra a reforma, por temer perder direitos.
"A gente sempre tem medo"
Nilmara Miranda da Silva, 42, foi ao Poupatempo levar sua filha, a estudante Fernanda Silva Moreira, 15, para tirar a primeira carteira de trabalho.
Na sequência, elas iriam ao Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola) fazer a inscrição de Fernanda no Programa Jovem Aprendiz, que oferece emprego para jovens.
As duas dizem que ouviram falar das reformas, mas também não entenderam o que pode acontecer.
"Eu vi mais ou menos hoje, mas não entendi muito bem. Passou de manhã no jornal", diz a mãe, que está desempregada há três anos. "A gente sempre tem medo (das mudanças). Mas a gente não sabe ao certo o que vai acontecer."
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