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Greve acelera inflação a 1,26%, a maior para junho desde 1995, diz IBGE

Do UOL, em São Paulo

06/07/2018 09h01

Puxado pelo preço dos alimentos, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no país, acelerou a 1,26% em junho, após encerrar maio em 0,4%. É o maior avanço de preços desde janeiro de 2016, quando foi registrada alta de 1,27%, e o maior para um mês de junho desde 1995 (2,26%).

No acumulado de 12 meses, o IPCA ficou em 4,39%, dentro do limite da meta do governo. Os resultados de junho ainda mostram o impacto dos protestos de caminhoneiros, que bloquearam rodovias no fim de maio. 

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A meta em 2018 é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 3% e 6%. 

As informações foram divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (6).

Alimentos pesaram

Com alta de 2,03%, os preços de alimentação e bebidas foram os que mais influenciaram o resultado da inflação de junho, representando 0,50 ponto percentual da composição da taxa no mês.

As principais altas foram registradas no leite longa vida (de 2,65% em maio para 15,63% em junho) e no frango inteiro (de -0,99% em maio para 8,02% em junho).

Greve dos caminhoneiros

A greve dos caminhoneiros durou 11 dias em maio e, além de afetar a economia, também levou o governo a anunciar medidas para reduzir os preços do diesel.

Os protestos bloquearam rodovias, praticamente paralisando setores importantes e prejudicando o abastecimento de alimentos, combustíveis e outros produtos.

A equipe econômica do governo estima que o impacto da greve custou ao país R$ 15 bilhões, ou 0,2% do PIB (Produto interno Bruto). 

Conta de luz mais cara

A conta de luz também pesou no bolso dos brasileiros em junho. A energia elétrica ficou 7,93% mais cara, em média.

Em junho, entrou em vigor no país a bandeira tarifária vermelha nível 2, o nível mais elevado para as cobranças adicionais na conta de luz. Além disso, houve aumento de preços em Curitiba, Brasília, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Gasolina subiu 5%

No grupo transportes, houve queda de preços no óleo diesel (-5,66%) e nas passagens aéreas (-2,05%). Já a gasolina (+5%) e o etanol (+4,22%) ficaram mais caros no mês passado, segundo o IBGE.

O governo lançou em maio um programa de subsídios para permitir uma redução dos preços do diesel nos postos, atendendo a pedidos de caminhoneiros. Um mês depois, porém, apenas cinco estados conseguiram atingir o corte de R$ 0,46 prometido, segundo cálculos da Plural, associação que representa as principais distribuidoras de combustíveis.

Inflação abaixo da meta em 2017

A inflação fechou 2017 em 2,95% e ficou abaixo do limite mínimo da meta do governo pela primeira vez na história. Foi a menor inflação anual desde 1998 (1,65%).

No início deste ano, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, enviou carta ao então ministro Henrique Meirelles dizendo que a meta não havia sido cumprida no ano passado devido à queda nos preços dos alimentos, após safras recordes. 

A carta é uma exigência em caso de descumprimento da meta de inflação. 

Expectativa em 2018

A expectativa de analistas consultados pelo Banco Central é que a inflação termine 2018 em 4,03%, dentro do limite da meta deste ano. 

Com o crescimento de 1% no PIB (Produto Interno Bruto) em 2017, o país começa a sair do buraco, após a economia encolher 3,5% tanto em 2016 quanto em 2015. Mas a recuperação é lenta e, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, a economia vai demorar pelo menos dois anos para chegar ao nível de antes da crise.

Juros x inflação

Para tentar controlar a inflação, o Banco Central pode usar a taxa de juros. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, como agora, o BC derruba os juros para estimular o consumo.

Em junho, o Comitê de Política Monetária do BC decidiu manter a taxa de juros em 6,5% ao ano, menor nível da história (o Copom foi criado em 1996).

(Com Reuters)

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