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Na contramão da inflação, preço de hotel no Rio já caiu 30% desde Olimpíada

Diego Grandi/Getty Images
Imagem: Diego Grandi/Getty Images

Juliana Elias

Do UOL, em São Paulo

02/12/2018 04h00

Está barato se hospedar no Rio de Janeiro. Depois de uma disparada de preços antes e durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, a cidade viu os preços das diárias de hotéis afundarem ano a ano.

De acordo com dados da inflação oficial (medida pelo IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o valor das diárias de hotel na capital fluminense já caiu, em média, 29,9% desde 2016.

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A queda é bem maior do que a redução de 7,7% verificada na hotelaria nacional e vai na contramão da inflação no período, que subiu 13% no país (no acumulado de janeiro de 2016 a outubro de 2018).

Por exemplo, uma diária de hotel que custava R$ 400 em 2016 estaria custando agora R$ 280. Esse "desconto" compensa, em parte, a escalada dos anos anteriores, quando dobraram os preços para quem quisesse passar uma temporada na cidade maravilhosa.

Veja mais abaixo preços de alguns hotéis cotados pela reportagem, de R$ 132 a R$ 1.399,50.

De R$ 2.000 para R$ 400

"Com os eventos [Copa e Olimpíadas], o setor praticamente dobrou a oferta, mas o número de hóspedes não acompanhou", disse Alfredo Lopes, presidente do SindHotéis-RJ, sindicato que reúne o setor hoteleiro da capital. "O resultado foi uma queda no valor da diária que vem desde as Olimpíadas e atingiu o fundo do poço no primeiro semestre deste ano."

Segundo Lopes, hotéis cinco estrelas na cidade, que chegavam a cobrar R$ 2.000 pela noite nos tempos áureos, têm ofertas hoje na casa dos R$ 400. Nas hospedagens com quatro e três estrelas, opções que passavam de R$ 1.000 podem ser encontradas hoje por até R$ 180 --e "com café da manhã", diz ele.

Segundo a agência de turismo CVC, a crise levou a um fator inédito: as redes hoteleiras do Rio passaram a negociar com as agências preços promocionais em pacotes fechados. Isso é comum no setor turístico, mas, no Rio, acontecia pouco, segundo a empresa.

Área do Porto Maravilha, no centro do Rio  -  Bruno Bartholini/Divulgaçao -  Bruno Bartholini/Divulgaçao
Área do Porto Maravilha, no centro do Rio
Imagem: Bruno Bartholini/Divulgaçao

"Os preços e as taxas de ocupação estavam elevados, o que é normal em uma cidade que receba em um espaço tão curto de tempo dois eventos dessa magnitude", disse Olivier Hick, vice-presidente executivo de Operações Midscale & Economy da AccorHotels Brasil, rede dona de bandeiras como Ibis, Mercure e Novotel.

"Depois das Paralimpíadas [em 2016], sentimos uma queda na taxa de ocupação não só pelo término desses eventos, mas também porque o Brasil e o Rio passaram por dificuldades econômicas", afirmou Hick.

Hotéis fechando as portas

O número de quartos, considerados todos os hotéis e pousadas do Rio, passou de 30 mil antes da Copa do Mundo, em 2014, para 58 mil depois das Olimpíadas, em 2016, de acordo com o SindHoteis-RJ.

Além dessa oferta elevada, o Rio viveu, dali para frente, uma profunda crise econômica, mistura da recessão do país com a crise na indústria do petróleo, principal componente de receita do estado, e uma das suas mais importantes fontes de hóspedes. Com a indústria paralisada, a fonte do turismo de negócios praticamente secou.

"O resultado é que nossa taxa de ocupação média, que era de 75%, chegou a 46% no primeiro semestre deste ano", disse o presidente do SindHoteis-RJ. Só neste ano, afirmou, 13 hotéis fecharam as portas na cidade. 

Barra da Tijuca e Porto Maravilha ociosos

Construção do hotel Windsor na Barra da Tijuca, em 2012 - Daniel Marenco/Folhapress - Daniel Marenco/Folhapress
Construção do hotel Windsor na Barra da Tijuca, em 2012
Imagem: Daniel Marenco/Folhapress

Os maiores descontos foram para a Barra da Tijuca, endereço do Parque Olímpico, que sediou boa parte das disputas dos Jogos e um dos destinos que mais ganharam empreendimentos novos à época. Longe do centro, é também a região que ficou mais ociosa.

O mesmo acontece com o Porto Maravilha, área revitalizada do centro carioca que busca misturar atrativos turísticos, como o Museu do Amanhã, a um novo centro empresarial. Com a crise econômica e a baixa nos negócios, porém, também acabou com hotéis fechados e quartos vazios.

Em ambos os endereços, é possível encontrar hotéis três estrelas com diárias a partir de R$ 160 para duas pessoas.

Veja preços de hospedagem no Rio

A reportagem pesquisou o preço de diárias no Rio em sites de busca e nas páginas das próprias redes hoteleiras. Foi escolhida a opção mais barata disponível em cada estabelecimento para duas pessoas, em final de semana, no mês de janeiro. Os preços podem sofrer variações e ter acréscimos de taxas. 

Copacabana

  • Ibis: R$ 207,20
  • Windsor Martinique: R$ 340
  • Copacabana Palace: R$ 1.399,50

Ipanema

  • Hotel San Marco: R$ 349
  • Sofitel Ipanema: R$ 836,35

Leblon

  • Ritz Leblon: R$ 538,65

Botafogo e Flamengo

  • Ibis Bugdet (Botafogo): R$ 132,98
  • Mercure (Botafogo): R$ 215
  • Scorial Rio Hotel (Flamengo): R$ 231

Centro

  • Ibis: R$ 166,95
  • Windsor Asturias: R$ 197,40

Porto Maravilha

  • Intercity: R$ 168
  • Novotel: R$ 183,20

Barra da Tijuca

  • Américas Barra Hotel: R$ 191
  • Marriot Cortyard: R$ 214
  • Grand Hyatt: R$ 601