Presidente da CNI preso pela PF criou polêmica com 80h de trabalho semanal

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, que foi preso pela Polícia Federal hoje, já causou polêmica ao defender "medidas muito duras" na Previdência Social e nas leis trabalhistas para equilibrar as contas públicas. Ele citou como exemplo o caso da França e afirmou que lá é permitido trabalhar até 80 horas por semana.
O executivo também se posicionou contra a criação do "superministério" da Economia, comandado por Paulo Guedes, e os cortes no Sistema S, que inclui entidades como o Sesi (Serviço Social da Indústria) e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Veja a seguir alguns fatos sobre a CNI e seu presidente.
80 horas semanais de trabalho
Em 2016, Andrade gerou polêmica ao defender mudanças nas leis trabalhistas (na ocasião, a reforma trabalhista ainda não havia sido aprovada), citando a França como exemplo.
"Nós aqui no Brasil temos 44 horas de trabalho semanais. As centrais sindicais tentam passar esse número para 40. A França, que tem 36 horas, passou agora para 80, a possibilidade de até 80 horas de trabalho semanal e até 12 horas diárias de trabalho", disse.
Na verdade, o tempo de trabalho semanal na França pode ser de 60 horas, e não de 80.
Após a declaração, a CNI enviou uma nota à imprensa dizendo que seu presidente "jamais defendeu o aumento da jornada de trabalho brasileira".
'Superministério' da Economia
No ano passado, Andrade se posicionou contra a fusão do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) com os ministérios da Fazenda e do Planejamento, o que deu origem ao Ministério da Economia chefiado por Paulo Guedes.
"Nenhuma grande economia do mundo abre mão de ter um ministério responsável pela indústria e pelo comércio exterior forte e atuante", afirmou à época. Dias depois, o presidente da CNI baixou o tom e disse respeitar a decisão.
Cortes no Sesi e Senai
Enquanto o ministro Paulo Guedes defende "meter a faca" para cortar gastos com o Sistema S, o presidente da CNI disse que a redução nos repasses traria "grandes sacrifícios" para o Sesi e o Senai, o que poderia levar ao fechamento de escolas dessas redes.
Atualmente, as empresas pagam uma contribuição ao governo e parte dos recursos é transferida para a entidade patronal (por exemplo, a CNI), que a repassa integralmente para o sistema S (no caso da indústria, Senai e Sesi).
Quem é Robson Andrade?
Nascido em 1948, em São João Del Rey (MG), Robson Andrade é engenheiro mecânico e presidente da Orteng Equipamentos e Sistemas Ltda, empresa com sede em Contagem (MG) que produz equipamentos para os segmentos de energia, petróleo, gás, mineração, siderurgia, saneamento, telecomunicações e transportes.
Tomou posse na presidência da CNI pela primeira vez em novembro de 2010 e foi reeleito em 2014 e 2018. Antes disso, foi presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) por dois mandatos (2002 a 2010).
O que é a CNI?
A entidade, fundada em 1938, é a representante dos interesses da indústria no país. Ela engloba 27 federações de indústrias e 1.250 sindicatos patronais, aos quais são filiadas quase 700 mil indústrias, segundo informações em seu site.
A CNI administra diretamente o Sesi e o Senai, integrantes do Sistema S, além do IEL (Instituto Euvaldo Lodi).
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