"Não estamos contentes e achamos que o spread é alto", diz presidente do BC
O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, afirmou hoje que o spread bancário no Brasil é alto e que ele "não está contente" com essa situação. Ele ainda declarou que, para reduzir os juros, é necessário melhorar o processo de recuperação de crédito, reduzir custos operacionais dos bancos e melhorar a qualidade das garantias dos financiamentos.
"Não estamos contentes e achamos que o spread é alto. Me debrucei sobre as imperfeições do mercado, e 35% do spread está ligado a inadimplência, 25% a custos operacionais, 25% aos custos financeiros e 15% ao lucro", disse.
O spread é a diferença entre os juros que os bancos pagam quando o consumidor investe o dinheiro do cliente e os juros que cobram quando um empréstimo é feito.
Campos Neto declarou que, em relação à inadimplência, a recuperação de crédito no Brasil chega a R$ 0,13 para cada R$ 1 devido, em quatro anos. Segundo ele, a recuperação média de crédito em países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) chega a até US$ 0,70, em até dois anos.
"Também é necessário um trabalho em todo o sistema de garantias. Nos custos operacionais, os relacionados à segurança das agências e os trabalhistas ainda existem. A reforma trabalhista melhorou isso, mas os custos ainda são altos", disse.
O presidente do BC também afirmou que o peso do lucro dos bancos sobre o spread no Brasil, que é de 15%, chega a até 23% em outros países. "Precisamos trabalhar em micro reformas. Também existe uma agenda para fintechs e tecnologia, com regulamentação para o estímulo e a competição bancária."
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