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Militares são só 1% do total de aposentados, mas representam 15% do déficit

Antonio Temóteo e Thâmara Kaoru

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

17/04/2019 04h00

Os militares e os servidores públicos são minoria entre os aposentados, mas, pelos rendimentos altos, têm um peso proporcional muito maior no déficit da Previdência. Dados do Tesouro Nacional de 2018 mostram que os militares inativos e pensionistas são apenas 1,16% do total de aposentados no país, mas representam 15,4% do rombo da Previdência Social.

Os números dos servidores públicos são parecidos: eles são 2% do total de aposentados, mas sua participação no déficit do sistema é de 16,3%. Os funcionários de empresas privadas, que são a maioria dos brasileiros, representam 96,8% do total de aposentados e 68,3% do déficit.

Veja os números de aposentados e o peso de cada um no rombo da Previdência, em 2018:

Total de aposentados/inativos (privados, públicos e militares): 33,044 milhões
Déficit total da Previdência: R$ 284,6 bilhões

Funcionários privados aposentados e pensionistas: 32 milhões (96,8% do total de aposentados)
Déficit com aposentadoria e pensão de funcionários privados: R$ 194,3 bilhões (68,3% do total do déficit)

Militares inativos: 384 mil (1,16% do total de aposentados)
Déficit com militares inativos: R$ 43,8 bilhões (15,4% do total do déficit)

Servidores aposentados: 660 mil (2% do total de aposentados)
Déficit com servidores públicos: R$ 46,4 bilhões (16,3% do déficit)

Governo diz que militares têm atividade diferente

O governo apresentou projeto de lei com novas regras para a aposentadoria de militares, que é diferente da reforma geral da Previdência.

Para justificar, o governo afirma que a carreira militar tem uma série de especificidades e, por isso, requer um tratamento diferenciado. Algumas dessas peculiaridades listadas na apresentação do governo são:

  • risco de morte
  • proibição de greve
  • sem adicional noturno
  • sem hora extra
  • disponibilidade permanente

Reforma corta mais de militar e servidor, diz governo

Segundo cálculos do governo, os militares e os servidores públicos perderão mais com a reforma do que os trabalhadores privados.

A perda média para os trabalhadores da iniciativa privada é estimada em R$ 9,6 mil em dez anos para cada contribuinte do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

O impacto por pessoa para o funcionalismo público da União é de R$ 141 mil. No caso dos militares das Forças Armadas, é de R$ 181 mil, sem considerar a reestruturação das carreiras, que representam ganhos para os militares e gastos para os cofres públicos.

Entenda a proposta de reforma da Previdência em 10 pontos

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