Comerciante que aderir à promoção da Rede terá de pagar conta, diz mercado
A Rede, operadora de máquinas de cartão do banco Itaú, deverá em algum momento repassar aos comerciantes outras tarifas para compensar a perda de rentabilidade que sofrerá com a decisão de zerar a taxa de antecipação de recebíveis. A avaliação é de Henrique Capdeville, presidente no Brasil da First Data, empresa que opera as maquininhas de cartão da marca Bin. Segundo ele, pode parecer bom agora aos comerciantes, mas depois chegará a conta que eles terão de pagar.
A promoção da Rede está sendo avaliada pelo Cade, órgão do governo responsável por coibir concorrência desleal.
No mundo todo, bancos arcam com perdas e depois repassam
"Se não houver prática de dumping nem 'venda casada', a estratégia da Rede seria legítima e demonstraria a forte concorrência do setor nos últimos tempos", afirmou o presidente da First Data.
Entretanto, Capdeville disse que no resto do mundo os bancos costumam arcar com eventuais perdas de margens durante algum tempo, antes de repassá-las ao consumidor.
"É importante entender que, quando os grandes bancos fazem esse movimento [de zerar a taxa de antecipação dos recebíveis], na prática vão jogar a conta para o varejista, que, desavisado, vai gostar do movimento em um primeiro momento, devido à redução imediata no custo. Mas, vai acabar tendo que bancar a conta para o resto da vida", declarou Capdeville.
"É preciso atenção e vigilância regulatória para se evitar que surja uma nova jabuticaba no Brasil", disse.
Investigação do Cade, venda casada e prejuízo à concorrência
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) abriu um procedimento de investigação contra o banco Itaú e a Rede por zerar a taxa de antecipação de recebíveis. O mercado avalia que pode haver venda casada e prejuízo à concorrência. Os benefícios só valem para lojistas clientes do Itaú.
Recebíveis representam o dinheiro a que os comerciantes têm direito pelas vendas com cartão. Eles costumam fazer a antecipação desses valores porque precisam de dinheiro à vista (capital de giro) e não podem esperar o prazo de pagamento dos cartões.
Práticas abusivas do Itaú já foram investigadas ano passado
No ano passado, o Cade já havia feito acordo com o Itaú e a Rede para suspender um processo que avaliava justamente práticas anticoncorrenciais. O banco teve de pagar R$ 21 milhões para encerrar a investigação.
A suspeita era de que estariam sendo feitos contratos de exclusividade com estabelecimentos comerciais e sendo adotadas práticas como venda casada, retaliação e discriminação na cobrança de tarifas. Haveria recusa de permitir acesso a outras credenciadoras, causando prejuízo à concorrência.
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