Classes C, D e E são maiores clientes das fintechs de crédito, diz pesquisa
Ampliando cada vez mais a oferta de produtos e serviços nos Brasil, as fintechs de crédito têm 79% dos seus clientes oriundos das classes C (39%), D (29%) e E (11%), sendo que dois terços deles estão na faixa etária entre 26 e 47 anos.
As classes A e B respondem, respectivamente, por 13% e 8% dos solicitantes de crédito. Do total de clientes, 7% não têm acesso ao sistema bancário tradicional. Entre as pessoas jurídicas, 72% dos atendidos são empresários individuais, micro e pequenas empresas.
Os dados fazem parte da pesquisa A Nova Fronteira do Crédito no Brasil, a primeira que analisa o segmento no país, feita em parceria entre a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e a consultoria PwC Brasil. O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira, durante o evento Cred-Tech Brasil, em São Paulo.
Modalidades de crédito
Levando em conta 43 fintechs de crédito - 21 delas associadas à ABCD - ouvidas entre 10 de junho e 4 de julho deste ano, o estudo revela que 65% das empresas se dedicam prioritariamente a empréstimos a pessoas físicas. Em 2018, as fintechs analisadas receberam mais de 6,4 milhões de pedidos de crédito de pessoas físicas - praticamente o dobro do ano anterior - e outros 276.355 de pessoas jurídicas - aumento de 6,5 vezes em relação a 2017. O total de crédito concedido também aumentou no mesmo período: passou de R$ 804 milhões para R$ 1,195 bilhão.
Ao analisar as modalidades de crédito oferecidas pelas empresas, 63% delas disponibilizam mais de uma opção para os clientes, como pessoal, consignado, com e sem garantia, por exemplo. Em relação aos juros mensais cobrados, em 2018, começavam em 1,09% para as pessoas físicas e em 1,3% para as jurídicas. Metade das empresas pesquisadas ofereceu naquele ano taxas abaixo de 4,8% ao mês para pessoas físicas, enquanto 90% cobravam até 4,5% de pessoas jurídicas. O prazo de quitação, em metade dos casos informados, foi menor do que 180 meses para as pessoas físicas. Para as empresas, ficou abaixo de 90 meses em 63% das situações.
Tecnologia a favor
O uso intensivo da tecnologia, uma das características das fintechs, permite que o segmento derrube as barreiras que dificultam a entrada no mercado de crédito. Nesse cenário, destaca-se a agilidade na avaliação e na aprovação do crédito. De acordo com a pesquisa, 48% das empresas estudadas conseguem concluir as análises de risco de um cliente em até uma hora, sendo que 15% fazem isso em no máximo 15 segundos.
Já a aprovação para liberação do crédito, que envolve procedimentos como conferência e assinatura de documento, é feita em até 24 horas por 64% dos participantes do estudo. Em 13% dos casos, esse processo não demora mais do que uma hora. Para se comunicar com o cliente, apontam os dados, 91% das fintechs usam a internet, aplicativos e e-mail. Ligação telefônica e contato via agência física respondem por apenas 9% do contato.
Capitais para crédito
Em termos de fonte de recursos, quase metade das fintechs de crédito pesquisadas (47%) se restringe ao capital próprio, mas o perfil de financiamento dessas empresas vem mudando gradualmente. Entre 2016 e 2018, aumentou de 20% para 60% a parcela que conseguiu fazer captações no mercado de capitais para financiar despesas operacionais, investimentos no desenvolvimento de produtos e serviços e a expansão das carteiras de crédito.
No período, o capital próprio e o aporte de acionistas perderam parte da sua relevância para outras fontes de recursos, como os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), condomínios de investidores que se consolidaram como opção ágil para financiar a ampliação das carteiras dessas empresas via mercado de capitais, substituindo intermediários financeiros caros e pouco eficientes. Três quartos das empresas afirmam estar em busca de recursos.
Quase metade pretende obter mais de R$ 10 milhões para financiar a operação, e 79% querem valores acima dessa faixa também para ampliar sua carteira de crédito. Ao todo, 60% das empresas pesquisadas já realizaram entre 1 e 5 rodadas de investimento.
"A pesquisa traz insights importantes para o segmento e confirma a relevância cada vez maior das fintechs no país. A concentração do sistema financeiro no Brasil, os altos custos e a oferta restrita de crédito sempre foram complicadores para a economia. Agora, a tecnologia e a inovação deram início a uma nova era do crédito, mais inclusivo, acessível e descomplicado", afirma Rafael Pereira, presidente da ABCD.
"As fintechs vêm ocupando um espaço relevante no setor financeiro brasileiro, acompanhando as demandas crescentes do público por crédito no segmento digital. Um estudo como esse é uma importante ferramenta que ajuda o mercado a entender cada vez mais os perfis dessas empresas", conclui o sócio da PwC Brasil, Luis Ruivo.
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