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Pagar tudo à vista e não usar crédito pode piorar nota no cadastro positivo

Ricardo Marchesan

Do UOL, em São Paulo

24/01/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Cadastro positivo usa informações bancárias para avaliar se consumidor é bom pagador
  • Pagamentos à vista, em dinheiro ou cartão de débito, não fazem parte das informações
  • Quem usa cartão de crédito ou faz compras parceladas pode ter uma nota melhor do que o consumidor que prefere pagar à vista
  • Quanto mais informação sobre hábitos do consumidor, mais precisa será a avaliação, dizem especialistas

Neste mês foram liberadas as consultas ao cadastro positivo, registro que considera o pagamento de contas em dia para saber se o cliente é um bom pagador, inclusive com uma nota, chamada de score. Ela é uma medida que pode ser usada por instituições financeiras e facilitar a liberação de crédito.

Por enquanto, porém, nem todas as informações de pagamento são levadas em conta. Quem usa cartão de crédito ou faz compras parceladas, e paga essas contas em dia, pode ter uma nota melhor do que o consumidor que prefere pagar à vista.

Menos crédito, menor nota

Pagamentos à vista, em dinheiro ou cartão de débito, não fazem parte das informações do cadastro positivo, e por isso não são usados para a composição do score, segundo o SPC Brasil, uma das instituições responsáveis pelo cadastro, chamadas de birôs de crédito, ao lado de Serasa, Boa Vista e Quod.

Se a pessoa não usa crédito, fornece menos dados, o que afeta sua nota.

"O score é feito em função da informação que é recebida sobre o comportamento dos pagamentos. Se não tem informação, não tem como avaliar", afirma Elias Sfeir, presidente da ANBC (Associação Nacional dos Bureaus de Crédito).

Ele usa como exemplo os EUA, onde a economia é muito baseada no crédito.

"Se você vai para os EUA, você não existe para o sistema. Se não tem crédito, não tem histórico. Quem vai para lá procura pagar algo a prazo para entrar no sistema", afirma.

Apenas dados bancários são usados

Neste primeiro momento em que está sendo implantado, o score é calculado apenas com base nas informações bancárias dos consumidores, segundo o SPC Brasil. Ou seja, por enquanto, quem não tem conta em banco ou não utiliza esses serviços, não faz parte do cadastro.

Do cartão de crédito, apenas as informações de datas e valores de vencimento e pagamento das faturas fazem parte do cadastro positivo. Não há informações sobre locais e produtos comprados.

Nas próximas fases, também devem ser incluídas informações sobre pagamento de contas de água, luz, telefone e crediário. "Esse fato é relevante pois agregará as pessoas que não são bancarizadas, mas pagam suas contas em dia", afirma o SPC Brasil.

Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), elogia o cadastro positivo, mas defende que mais informações sobre pagamentos à vista sejam incluídas.

"Já evoluímos muito. Antes, [o consumidor] tinha que fazer a informação chegar lá [no cadastro positivo]. Agora é automático", afirma. "Mas aquelas pessoas que compram à vista podem ser penalizadas. Isso pode ser evoluído. Todas as compras têm que ir para análise."

Não é para se endividar

O volume de crédito usado influencia a nota. "Quanto mais informações sobre o histórico de crédito dos consumidores puderem ser analisadas, mais assertivo será o score, pois a nota será composta por todo esse histórico de comportamento do bom pagador", afirma o SPC Brasil.

Assim, se deseja aumentar sua nota ou ter certeza de que é percebido da maneira correta pelas instituições, quanto mais informação enviar, melhor, segundo o presidente da ANBC.

"Isso não quer dizer que é obrigado a comprar tudo a prazo para ter uma nota melhor", afirma. "Cada um tem que ver sua realidade econômica. Às vezes a pessoa tem desconto à vista, às vezes não compensa fazer o parcelamento. É um balanço."

O SPC Brasil também faz esse alerta.

"Não significa que o consumidor deve fazer várias compras a prazo ou fazer vários financiamentos, pois o alto endividamento também pode ser um problema e causar inadimplência", afirma. "O correto para se ter uma boa nota é o uso do crédito consciente e equilibrado, sempre mantendo seus compromissos em dia."

Como melhorar o score?

Sfeir afirma que não existe fórmula mágica para conseguir um bom score, mas há boas práticas que ajudam a melhorar sua pontuação. Ele listou algumas:

  • Se seu nome está no vermelho, regularize ou renegocie dívidas atrasadas
  • Evite atrasos no pagamento de contas como faturas e boletos
  • Coloque as contas no débito automático, evitando a possibilidade de atrasos
  • Confirme com as empresas se elas estão enviando seus hábitos de pagamento para o cadastro positivo
  • Coloque ao menos uma conta da casa em seu nome para construir o histórico, se não for o responsável pelas contas
  • Mantenha os dados cadastrais atualizados nos serviços de proteção ao crédito
  • Evite utilizar crédito ou o cartão de crédito até o limite de sua capacidade de pagamento
  • Acompanhe sua nota de crédito

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