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Empresas defendem quarentena contra vírus, mesmo que prejudique a economia

Filipe Andretta*

Do UOL, em São Paulo

01/04/2020 10h52Atualizada em 01/04/2020 11h21

Enquanto alguns executivos criticam o rigor da quarentena imposta por governadores e prefeitos, há empresas que vêm a público defender o distanciamento social e reforçar medidas drásticas para conter o coronavírus —mesmo que isso prejudique a economia de forma geral.

Gigantes da indústria, do varejo e bancos estão entre as empresas que já se pronunciaram a favor de uma paralisação intensa capaz de frear a disseminação da covid-19 pelo país. O posicionamento condiz com as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), mas é contrário ao de Jair Bolsonaro (sem partido). Para o presidente, o isolamento deve valer apenas a pessoas do grupo de risco, com objetivo de minimizar o impacto econômico do vírus.

Empresários defendem modelo chinês

Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", as gigantes do ramo de transporte Marcopolo e Randon querem que o Brasil adote o modelo chinês de combate ao coronavírus. Ambas tiveram fábricas fechadas na China e viram como o país conseguiu conter o avanço da doença após medidas severas de isolamento.

No Brasil, Marcopolo e Randon optaram por dar 20 dias de férias coletivas e, caso necessário, vão usar banco de horas dos funcionários para manter paralisadas as atividades.

A empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, tem apoiado as restrições ao funcionamento do comércio para conter a disseminação do coronavírus. "A discussão não é mais sobre isolamento vertical ou horizontal. Já parou tudo. Não adianta abrir o comércio amanhã e as pessoas não irem às compras porque estão com medo", disse. A rede varejista fechou suas lojas físicas por tempo indeterminado.

O dono do grupo de restaurantes Varanda, Sylvio Lazzarini, é outro que veio a público defender a paralisação. "As medidas foram duras e necessárias." Ele afirmou, porém, que em 15 dias será possível iniciar medidas de flexibilização.

Para o superintendente de renda variável do Itaú BBA, Marcos Assumpção, medidas drásticas de distanciamento social até meados de abril são necessárias. "Um cenário de quarentena parcial pode ampliar o ciclo da doença e seu impacto na economia."

Na TV, empresas reforçam pedido de isolamento

Algumas empresas ocuparam espaços publicitários na televisão para veicular mensagem a favor de que as pessoas evitem o contato social. A Chevrolet, por exemplo, iniciou uma campanha pedindo que as pessoas não usem o carro e fiquem em casa (veja aqui).

A rede francesa de materiais de construção Leroy Merlin investiu em propaganda no horário nobre da TV para comunicar o fechamento de lojas. Na publicidade, a empresa insiste na importância do isolamento social. Apesar disso, a Leroy Merlin diz que vende produtos essenciais para os lares brasileiros e, por isso, deveria receber autorização para manter as lojas abertas.

Em outro anúncio na televisão, a Sadia reforça a importância de que as pessoas fiquem em casa durante a crise do coronavírus. "Em tempos difíceis, quanto mais você sabe, melhor todo mundo fica" é o slogan da gigante do ramo de alimentos, que aproveitou a ocasião para divulgar um site de receitas culinárias com seus produtos.

Outro exemplo é a Renner, que anunciou o fechamento da sua rede de lojas por tempo indeterminado. A rede de vestuário afirmou que está comprometida com as diretrizes da OMS e assumiu o compromisso de não demitir seus funcionários sem justa causa por tempo indeterminado.

*Com agências de notícias

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