Coronavírus: Demitir neste momento é levar desespero, diz Luiza Trajano
Frente à pandemia do novo coronavírus e a seu consequente impacto econômico, o setor varejista do Brasil tem enfrentado alguns dilemas — não apenas com os consumidores, mas também com funcionários, colaboradores e fornecedores.
Para discutir tais dilemas, o UOL Debate de hoje reuniu Luiza Helena Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza; Marcelo Melchior, presidente da Nestlé Brasil; Andries Oudshoorn, presidente da OLX Brasil; e Diego Barreto, vice-presidente financeiro e de estratégia do iFood.
Para Luiza Trajano, manter os funcionários empregados neste momento é importante. "Estamos fazendo uma campanha para as empresas que têm condição", disse a presidente do conselho do Magazine Luiza.
"O que a gente está pedindo é que, neste primeiro momento, que as empresas não demitam. Acho que demitir neste momento é levar desespero. Nós fechamos as 1.100 lojas um pouco antes. Saúde para nós sempre foi um ponto muito importante, e a gente pôs férias para a equipe mesmo antes de o governo antecipar as férias. A gente só não ficou com quem estava em regime de experiência. Mas a gente ofereceu R$ 1.000 para cada um. A gente está fazendo uma campanha para não demitir neste momento", disse.
Para Andries Oudshoorn, da OLX, o home office em determinados setores é uma alternativa importante diante da covid-19.
"A gente foi uma das primeiras empresas a fazer todo mundo trabalhar de casa e as pessoas conseguiram se adaptar. E nem é uma adaptação muito grande", explicou, em referência ao fato de a empresa ser digital.
"A gente está fazendo o máximo possível para não reduzir funcionários, manter salários. Isso é uma situação temporária, vai ficar mais duro do que é agora. Mas a gente vai sair muito mais forte", acredita.
"O objetivo agora é reduzir custos desnecessários e manter nossos funcionários. Se isso durar muito mais, a gente vai rever", acrescentou.
'Medidas econômicas têm que chegar na outra ponta'
O programa ainda se propôs a debater as medidas econômicas adotadas até aqui pelo Governo Federal. A prioridade, segundo os participantes, é fazer com que o socorro chegue às pessoas.
"O Governo tem trabalhado em duas frentes. Primeira, abastecendo. Neste sentido, tem trabalhado bem. A gente tem visto essa cadeia estruturada. Sobre essa ótica do abastecimento, logística e ponta final que o alimento chega na casa das pessoas, tem funcionado muito bem", acredita Diego Barreto, do iFood.
Por outro lado, Barreto vê a cadeia de restaurantes fragmentada. "Então, naturalmente, tem uma fragilidade financeira muito grande. Neste sentido, as medidas que vieram até agora têm uma complementariedade."
"O que a gente tem visto aqui é empresas reduzindo os custos de servir para ter capacidade de operar", disse Barreto. "Difícil falar nesse momento se a soma das duas peças são suficientes. O que a gente acredita é que o caminho está correto."
Ainda de acordo com Andries Oudshoorn, presidente da OLX Brasil, "o Brasil aproveitou muito dessas vantagens" ao observar o que estava acontecendo no mundo.
"O Governo tem feito o máximo possível para lidar com o aumento da doença daqui para frente. Estou muito orgulhoso. O Brasil tirou lições do que está acontecendo na Europa", analisou.
Para Oudshoorn, é importante "sustentar atividade econômica". "(É uma) crise que nenhuma empresa, pessoa consegue se preparar para isso. O Governo vai ter que ajudar a economia para não quebrar a cadeia de produção e a vida das pessoas, para as pessoas poderem retomar depois", acredita.
Luiza Trajano, por sua vez, reforçou a defesa de que as medidas econômicas cheguem à ponta final do consumo - no caso, o consumidor - para ajudar a manter a economia ativa.
"No primeiro momento tinha claro que o dever era nosso (de manter os empregos). No segundo momento, nós nos juntamos à área econômica para ajudar a fazer as medidas (do governo). A gente foi realmente, juntamos economistas, e a medida saiu segunda-feira passada", disse.
"A gente estudou muito. A nossa luta, que eu falei com o secretário do tesouro, é que essas medidas têm que chegar na ponta. Essas medidas pegaram capital de giro, fundo de garantia, impostos, foi importante. Agora quero pedir para todo mundo pra fazer chegar na ponta (dos autônomos)", acrescentou.
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