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Monica de Bolle diz que letargia do governo Bolsonaro fará crise mais longa

Do UOL, em São Paulo

20/04/2020 23h18

A pesquisadora e economista Monica de Bolle disse na noite de hoje que a letargia do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fará com que a crise econômica, provocada devido ao combate do novo coronavírus, ser mais longa. A declaração ocorreu durante participação no programa "Roda Viva", da TV Cultura.

"Esse governo vai fazer a gestão da crise muito longa, porque quanto mais tempo ele demora para colocar em práticas as medidas que precisam ser feitas no curto prazo, mais longa vai ser a crise que o governo vai ter que administrar", avaliou Monica.

"Já estamos batendo no meio do ano, é um salto até o meio de 2021, ano em que a gente já estará em campanha. Portanto, reformas administrativa e tributária não vão ser discutidas nesse governo. O que a gente ainda vai estar fazendo até o final desse ano, pelo menos, é o combate à crise dado a letargia e a forma como a gente entrou nesse processo", prosseguiu.

"A gente está vendo o Brasil dar respostas lentas a uma crise muito rápida (e que bate na economia de forma rápida). Se a gente olhar para outros países —em termos de como a epidemia chegou e como as respostas de politica econômica foram dadas com celeridade—, o Brasil está extremamente letárgico, e isso vai ter consequências. Independentemente desse debate sobre a necessidade ou não de quarentena, o que acho absurdo, o impacto sobre a economia vai ser tão brutal quanto o impacto da epidemia em si", concluiu.

Na entrevista, Monica também citou a gravidade da pandemia do novo coronavírus e a necessidade da atuação firme do Banco Central.

"A gente precisa que o BC atue como vem atuando, e muito mais do que isso, atue na forma como a PEC10 de 2020, a chamada PEC do orçamento e guerra, que prevê essa atuação maior do BC, como faz o FED [Federal Reserve System, sistema bancário central dos Estados Unidos], como faz o Banco Central da Inglaterra", destacou.

Monica de Bolle, de 46 anos, é pesquisadora-sênior do Peterson Institute for International Economics e diretora do Programa de Estudos Latino Americanos da Johns Hopkins University, em Washington, nos Estados Unidos, onde vive desde 2014.

Foi crítica feroz em relação à política econômica de Dilma Rousseff (PT) e, em 2018, falou abertamente sobre o seu voto em Ciro Gomes (PDT). Nas redes sociais, Monica tem defendido medidas de proteção social, como a garantia de uma renda básica e emergencial, durante a crise da pandemia.